Lembranças de Minas II

As casas das vovós eram verdadeiras casas de boneca. Tudo muito arrumado, cheio de crochês e detalhes de decoração como os bibelôs.

Então lá pelos idos dos anos 1950, as casas eram sempre decoradas com os mimos feitos pelas donas de casa. Sempre havia um móvel forrado com um dos seus trabalhos, deixando tudo colorido e arrumado.

A casa de minha avó era cuidada com esmero. Os móveis muito limpos e sempre forrados com algum crochê. Ela também bordava a máquina, então havia lindos forros de mesa.

Na sala, próximo a porta havia um móvel conhecido como guarda-chapéu, usado na maioria dos lares. Era lá que se colocava o chapéu do dono da casa e das visitas. E nesse mesmo móvel havia um espelho, na certa para que as pessoas pudessem aprumar o chapéu na cabeça. Havia também nesse mesmo móvel um espaço para se colocar os guarda-chuvas. O sofá era de madeira com estofado no assento. E sobre o encosto um lindo forro de crochê. De frente para o sofá havia a mesa de centro, também com um lindo crochê sob um belo arranjo. Mas o mais bonito mesmo era a cristaleira de madeira e a mesa que ficavam na sala de jantar conjugada com a sala de visitas.

Naquela época, minha avó, bisavó, mãe e tia gostavam de restaurar esses móveis. A cada ano a mesa, as cadeiras, e a cristaleira eram repintadas, e cada ano de uma cor diferente, tudo combinando. Assim sem trocar a mobília a casa ganhava uma “cara nova”. Mas não para por aí, não, as plantas davam um toque especial a decoração, as samambaias, as violetas, margaridas também.

E aos sábados era dia de encerar a casa, o assoalho de madeira. O cheiro de cera dava a ideia que o sábado havia chegado. E para dar brilho e lustrar o chão se usava o escovão, um objeto que muitos não conhecem hoje, mas que era difícil de manusear, já que era feito de ferro.

E quando a visita chegava se encantava com o bom gosto. E ao servir o café com pão de queijo ou outra quitanda, eram trazidos numa bandeja com uma pano branquinho com bico de crochê.