A Boneca

Sempre gostei de bonecas de pano. Desde a Bonequinha Preta. Essa história valeu-me na vida. Eu mesma, levadíssima enquanto criança, jamais subi à janela do apartamento onde morei no segundo andar. Sempre contei essa história para meus filhos, ensinando-os a não se debruçarem nas janelas, a fim de não se despencarem delas. E, também, a não desobedecerem os pais. Quando meu filho Saulo tinha uns quatro anos, comprei para ele o livro da Bonequinha Preta numa viagem a trabalho que fiz. Ao chegar em casa, li para ele com muito entusiasmo. Na última frase do livro, ele emendou: "- Bonequinha Preta, Bonequinha Preta, bonequinha chata." Ele achou o livro enfadonho, porque suas frases são repetitivas! Ali já mostrava seu temperamento. Bem, mas fiz um caminho longo para contar sobre as bonecas de pano. E quem está atrás delas. Imagino que sejam pessoas sonhadoras e cheias de fantasias. Imagino que tenham muita imaginação. Sem dúvida que colocam em seu trabalho uma energia boa e amor também. Sabem que as bonecas serão as melhores amigas das crianças que as adotarão. Serão suas cúmplices e confidentes. Quando o mundo for duro com elas, suas bonecas serão o calmante e o sossego. Desse jeito, amando as bonecas, aprenderão a amar suas futuras amigas e amigos. Ontem comprei bonecas de pano. E comprei uma para mim também, acreditam? Eu, Laura e Clarissa brincamos com elas. Demos nomes até. As crianças deviam brincar mais de bonecas. E nós, devíamos contar mais histórias para nossas crianças... Também devíamos nos refugiar nesses momentos lúdicos para descansar desse mundo insano, às vezes cruel, até. Que as bonecas possam levar-nos a um cantinho risonho, quentinho e cheio de sonhos!

Cassia Caryne
Enviado por Cassia Caryne em 16/03/2020
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