Desabafo de um passageiro
Ah! Meu amigo, disse ele, antes de partir, e esse admirável mundo novo! Que mundo!? Um amontoado de autômatos, agem feito manada. Mundo dividido entre abastados e miseráveis. Mundo habitado, melhor, governado sob a batuta do grande maestro O capital! E que admirável mundo, onde paquidermes dão ordens e seguidores exaltam a ignorância e exalam o odor bolorento de suas narinas quando olham à criança que dorme sob a marquise. O olhar repulsivo frente àquele frágil - quase cadáver - corpo lhes incomoda? Não será o reconhecimento do crime que cometem quando sabem que sob seus aconchegantes leitos, uma legião de famintos e cadavéricos corpos, se formou? És o espelho embaçado - ó horrenda gente - do que se poderia ser admirável. És apenas, e só apenas, a linha borrada do que se poderia chamar humano. O mínimo traço de humano se perdeu tão logo deu o primeiro suspiro. Admirável mundo novo, bela anedota. Com essas palavras, finalizou o encontro. Dizem que anda por aí....a plantar árvores para novos frutos