VITÓRIAS ETERNAS
Vitórias internas são almas solitárias. Fazem valer seu rito dispensando plateia, eco ou alegoria. Simplesmente são assim e basta. Vitórias internas não deixam rastros, vão por onde bem entenderem e eclodem do nada. São definitivas e maravilhosas. Não deixam vasculhar suas vísceras nem desnudar seus mantras e segredos. São legados do nosso suor, dos nossos choros, das nossas barragens rompidas. Muitas vezes vêm à tona por fórceps, contrariadas porque pretendiam se manter incólumes na eternidade. Mas algo as empurra pro mundo, catapultando sua luz com irrepresável voz. Nossas vitórias, então, se resplandecem imantadas pelas lindezas do sagrado, com a grandeza do querer-bem eterno. Daí todo medo encardido, toda frieza da dor, todo desencanto da dúvida, se dissipam como por encanto, fazendo valer seu reinado, sua vez, seu chão. Que sejamos capazes sempre de acatar nossas vitórias eternas com todo seu manto de aço. Que tenhamos a capacidade de não atirá-las na vala comum de uma autoconfiança rala, rouca e manca. Somos capazes de aguçar essas vitórias latentes que divagam pelo nosso ser só aguardando o grito de guerra pra fazê-las brilhar como sempre mereceram. Que assim sempre seja.