A BENÇÃO DA MÃO ENCARDIDA

Estava fazendo minha caminhada quando cruzo um morador de rua que pede dinheiro. O primeiro impulso foi responder com lacônico "não tenho", frase feita que a correria e o descaso do cotidiano nos manda dizer. E fui andando. Meu segundo impulso foi voltar e perguntar se ele queria comida. Respondeu que eu podia ir na padaria e trazer uma baguete de queijo com presunto e um guaraná. Disse que iria pegar e fui. Voltei com a missão cumprida. A baguete veio cortada em pedaços e eu pedi um pedaço pra ele, que abriu a sua caixa da baguete e me entregou, pegando com aquela mão que certamente não via água e sabão há seculos. Não senti nojo nem repulsa, muito pelo contrário, me senti plenamente abençoado. E comemos juntos a nossa baguete, felizes toda vida.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 29/01/2020
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