DEPOIS DA CHUVA EM BELO HORIZONTE

A chuva caia tranquila, um tempo fresco e o rádio ligado. Derrepente minha atenção voltou para o locutor, sua voz foi alterada, sua respiração podia ouvir de longe.

Assim surge o terror. Tal rua está alagada. Buracos estão em toda pista, daqui a pouco começam carros cair nele.

Continuei com atenção no trânsito. A chuva continuou caindo e a loucura invadiu. Os carros pareciam voar e cada um tomava seu rumo violentamente. A cidade parecia ter perdido toda sua organizacao.

Poucos minutos de chuva e não se via mais a cidade em sua forma comum. A rua parecia ser inavadida pelo rio. E o Rio se tornou em um mar com ondas violentas e seguidas.

Bastava colocar o pé no assoalho do carro para sentir que já começava invadir seu interior, assim as casas também invadidas.

Foram dois dias de pavor em nossa Minas Gerais, alguns lugares parece ter deixado até de existir de tanta água e lama. Essa chuva foi atípica, veio de uma realidade que nós ainda não conhecíamos. Os mais vividos contam de outras da qualidade dessa. Mas minha geração não tinha conhecido.

Hoje saindo pelas ruas e andando pelas avenidas da cidade vi um contraste que não temos hábito de falar. O LIXO.

Essa chuva não teve a ver com a ação do homem para tanto desastre. Mas o fim dela recai sobre nós uma responsabilidade especial.

Na avenida Cristiano Machado havia garrafas pet em quantidades absurdas pelos cantos das ruas e córregos. O LIXO boiava depois da chuva. Alguns pontos ele atrapalhava o correr das águas.

É tão fácil acusar o governo de não fazer nada sabendo que Janeiro é um mês complicado. Mas e nossa ação durante o restante do ano?

Quando saio de carro e jogo na rua meu lixo estou dizendo a chuva que ela pode invadir minha cidade, minha rua e minha casa. Quando jogo depois das festas as garrafas ao Rio, estou dando a ele toda autoridade para transbordar sobre mim e meu bem.

Quando sair preste atenção na quantidade de lixo que estamos deixando pelo caminho. Não custa nada uma sacolinha no carro. Um papel de bala no bolso e saber o dia da coleta passar para você o colocar para ser recolhido.

A prefeitura é responsável pela coleta na lixeira. Agora a mim cabe colocar a se recolhido. No chão não haverá solução. O rio, córrego, filete de água não é depósito.

Estamos construindo sobre córregos, nascentes, barrancos. Muitas das vezes porque estamos fechando os olhos para o perigo que grita para você não fazer.

Janeiro vai passar, outro virá e não precisamos passar por tudo de novo. Se cada um de nós fazer aquilo que for realmente o correto a fazer teremos um impacto enorme no resultado das próximas chuvas de verão. Os córregos estão sendo fechados por avenidas. Ainda não aprendemos que não se aprisiona água.

Fácil, não será. Mudança de hábito gasta esforço e lembranças. Então que tal comecar pelo simples e básico. Lixo se joga no lixo. A rua é para andar. O passeio de sua casa pode ser varrido, e ele não é depósito de coisas que você não usa mais.

Você pode não morar perto do perigo, mas uma pessoa que você não conhece mora. Pensa nele como se você fosse. Assim no próximo verão a chuva vai vir. Mas ela não terá tantas barreiras humanas e produzidas por suas e minhas ações para ultrapassar e seguir seu curso.

Água não faz curva, ela fala direto nos nossos olhos. Ela não pede licença ela simplesmente invade o caminho se livre não estiver.

Até a próxima...espero que com coração mais aliviado por ver pessoas sem tanta dor no olhar como foi esse nosso fim de senana. Deus nos abençoe e tenha misericórdia de nós.

Leticia Carrijo
Enviado por Leticia Carrijo em 27/01/2020
Reeditado em 27/01/2020
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