De cimento e argamassa

Então hoje, neste amanhecer goiano em chuvas de prosperidades ao germinar a genuína fé do camponês, renasço de dois longos anos, de um sofrer contido, silente e desumano.

Não lamentei, levantei todos, todos os alicerceres do meu novo lar.

Tijolo a tijolo. Num profundo silêncio de você!

No mais sagrado respeito à uma história que eu, eu, inventei e dei de alimentar à minha alma, qual um aleitamento à cria.

Foi assim, de pedra em pedra, cimento e argamassa.

Digo que aproveitei bem os teus ensinamentos! Todos eles.

Numa praticidade canina, fui erguendo minha cerca, medindo as economias com cruel parcimônia.

Fui má para comigo, na medida em que minhas forças puderam suportar. E, suportaram!

E, você, foi você homem de Neandertal, homem das cavernas rupestres!

Foi você que em bondades e muita engenharia de vida, a me ensinar como sobreviver às árduas lutas em campos tão minados.

Sem contar que arrebentei vários dedos com as marteladas as quais, você já havia partido, e eu nem pude chorar.

Eu consegui! Foi um grande me lascar.

Muitas vezes voltei aos pássaros, mas num injusto mutismo, eles sequer bicaram o pouco milho em minhas mãos.

Hoje vejo, que era assim, assim teria que ser.

Se muito, fiquei com uma canção.

Como que numa premonição, sonhei contigo no dia de tua partida! - Você estava belo e sorridente nos teus estranhos trajes urbanos de homem do mundo.

E, por dois anos, eu sofri toda a minha dor, a dor do nunca mais. De uma morte em vida, cheia de recuerdos por toda a minúscula casa.

Mas, sempre foi pra ser assim!

Só hoje, toda a minha dor se foi, para sempre!

Ainda me emociono...me emocionarei até o fim de mim.

Docemente!

Goiânia, Goiás - Brasil

Em 24.01.2020

Dorothy Carvalho

Dorothy Carvalho
Enviado por Dorothy Carvalho em 24/01/2020
Reeditado em 23/05/2021
Código do texto: T6849333
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