Lembranças do Rio Iguaçu
Quando criança, brincávamos em suas margens juntos com as lavandeiras que moravam próximas deste rio e era a fonte de subsistência para elas e suas famílias em União da Vitória, Pr.
Hoje rememorando percebo o quanto era penoso para elas, e para nós, as crianças, só alegrias.
As lavandeiras viviam ensopadas mesmo usando aventais de plástico e galochas, cabelos longos com coques no alto da cabeça e embranquecidos. Eram jovens, mas tinham uma aparência envelhecida.
Enquanto elas baixavam a cabeça para lavarem as roupas, nós aproveitávamos para as delícias e brincadeiras na beira do rio. E o danado era profundo, cheio de poços e traiçoeiro. Muitas vidas foram ceifadas pela atraente e refrescante água que seduzia com sua grandeza e beleza!
Adorávamos subir nas dragas que extraem areia para a superfície, era uma verdadeira aventura, levávamos muitos atropelos pelas invasões nos barcos que não era permitido crianças subirem...
Soltávamos os botes que estavam amarrados nas beiradas pelos pescadores e íamos até onde as cordas alcançavam. Depois nossas mães desesperadas, quando erguiam a cabeça, puxavam-nos para a beirada. Muitas palmadas e xingamentos. No outro dia repetíamos as aventuras.
Quando das enchentes, era uma festa para nós crianças. Andávamos de bote para lá e para cá. As lavandeiras perdiam tudo. Até as roupas das freguesas iam por água abaixo. Enquanto elas choravam, as crianças se divertiam. Que ironia...
Esse universo é impressionante e reflexivo! Quando lembro, sinto muita ternura pela labuta dessas nobres mulheres que muito faziam e pouco recebiam. Sustentavam seus filhos com os sacrifícios que faziam.
Nós, pequenos, pouco ou quase nada entendíamos. Apenas viver com alegria, com o que tínhamos e éramos felizes.
Depois de muitos anos, passei por ele e lembrei dessas nossas aventuras da infância. Quem me dera rever esses amigos que não sei mais por onde andam...
Texto: Miriam Carmignan
Hoje rememorando percebo o quanto era penoso para elas, e para nós, as crianças, só alegrias.
As lavandeiras viviam ensopadas mesmo usando aventais de plástico e galochas, cabelos longos com coques no alto da cabeça e embranquecidos. Eram jovens, mas tinham uma aparência envelhecida.
Enquanto elas baixavam a cabeça para lavarem as roupas, nós aproveitávamos para as delícias e brincadeiras na beira do rio. E o danado era profundo, cheio de poços e traiçoeiro. Muitas vidas foram ceifadas pela atraente e refrescante água que seduzia com sua grandeza e beleza!
Adorávamos subir nas dragas que extraem areia para a superfície, era uma verdadeira aventura, levávamos muitos atropelos pelas invasões nos barcos que não era permitido crianças subirem...
Soltávamos os botes que estavam amarrados nas beiradas pelos pescadores e íamos até onde as cordas alcançavam. Depois nossas mães desesperadas, quando erguiam a cabeça, puxavam-nos para a beirada. Muitas palmadas e xingamentos. No outro dia repetíamos as aventuras.
Quando das enchentes, era uma festa para nós crianças. Andávamos de bote para lá e para cá. As lavandeiras perdiam tudo. Até as roupas das freguesas iam por água abaixo. Enquanto elas choravam, as crianças se divertiam. Que ironia...
Esse universo é impressionante e reflexivo! Quando lembro, sinto muita ternura pela labuta dessas nobres mulheres que muito faziam e pouco recebiam. Sustentavam seus filhos com os sacrifícios que faziam.
Nós, pequenos, pouco ou quase nada entendíamos. Apenas viver com alegria, com o que tínhamos e éramos felizes.
Depois de muitos anos, passei por ele e lembrei dessas nossas aventuras da infância. Quem me dera rever esses amigos que não sei mais por onde andam...
Texto: Miriam Carmignan