A MOÇA DO SINAL

A chuva bate com intensidade no pára-brisa, o limpador desliza afastando a água para que eu possa ver os outros carros a minha frente.

Sigo para o trabalho, o trânsito está congestionado.

Pedintes no sinal, uma moça me estende a mão, nem abaixo o vidro, os carros na minha frente já começam a andar.

Manhã seguinte, a chuva está fraca, o limpador desliza no pára-brisa.

Os mesmos pedintes, a mesma moça me estendendo a mão, notei seu olhar triste, mas preciso andar, o trabalho me espera.

No outro dia a mesma cena, não chove agora, a moça me estende a mão, me comovo e coloco algumas moedas em sua mão. Ela sorri agradecida.

No trabalho fiquei pensando naquele rosto triste pedindo ajuda, me sensibilizei.

Quem seria aquela moça tão bonita no sinal pedindo ajuda? Tive a ideia de questionar com ela própria na próxima manhã.

Mais um dia de trabalho, saí mais cedo, no sinal ela não estava, só os outros pedintes. Fiquei confuso, onde ela estaria?

Estacionei o carro nas imediações, voltei ao sinal, procurei a moça mas não encontrei. Perguntei por ela, ninguém soube explicar.

Depois de algum tempo fui embora, mas ela não me saiu da cabeça. No dia seguinte tentaria novamente.

Manhã seguinte, caminho do trabalho, páro no sinal, nada da moça.

Os carros atrás de mim buzinam, tenho que seguir. Quem sabe amanhã ela apareça!?

Nova manhã, nova procura, nem sinal da moça, o que estaria acontecendo com ela? Aquele rostinho bonito me impressionou.

Todos os dias buscava saber dela, nunca mais a vi no sinal. Estacionei novamente por ali para colher informações.

"Que moça, senhor? Aqui só tem a gente!" - disse um dos pedintes quando perguntei.

Estarei ficando louco!? Não é possível, eu dei moedas para ela!

Dias e dias passei pelo sinal, até me demorava, mesmo que os outros motoristas buzinassem, nenhum sinal dela.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 18/12/2019
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