Homem invisível.
Hoje resolvi contar tudo.
Vou me apresentar a todos vocês que não me conhecem. Sou... apenas um qualquer ou nenhum.
Com certeza você nunca me viu. Me acostumei a ser assim.
Tudo passa ao meu redor. Passam às horas, os dias, meses e anos e estou aqui bem perto, tão perto que me tornei parte disto. Sou apenas eu.
Se eu for? Quem notará? Sem memória de mim, nasci assim e provavelmente assim morrerei.
Nem mesmo eu consigo entender.
A multidão passa, como se fosse um único corpo, para lá e para cá.
Vejo cada rosto, cada expressão, cada coisa… mas nunca me veem.
Sou apenas a “importância que me dás”.
Sou um louco, um pedinte, um mendigo, uma escória, um filho deserdado, marginal, sem o privilégio de ser alguém. Sou a estatística ou às vezes nem isso.
Então…
Por alguns minutos meus olhos e meus pensamentos me tiram deste lugar…
Aí, posso ser quem eu quiser.
Livre da prisão que me transforma na ignorância de muitos!
Aí me revelo sem nenhum disfarce, para que todos saibam que sou o famoso, o incrível, o espetacular, o impressionante, derrotado, triste e ignorado “Homem invisível”.
Você me viu por aí? Ah! Deixa pra lá.
Às vezes me esqueço que isso não é importante, pelo menos para você.