O homem que sempre tinha razão
Era seu objetivo precípuo dominar o mundo. Para tanto ele precisava moldar a mente de todas as pessoas. Entendeu que só seria bem-sucedido em sua empreitada se relativizasse a idéia de 'verdade'; pensou com os seus botões, e, ladino que era, encontrou uma fórmula para fazer valer o seu projeto: diria que a verdade é um consenso social; não existe a verdade; a verdade é o que todas as pessoas dizem que é; se na segunda-feira, houver o consenso 'pau é pedra e pedra é pau, então pau é pedra e pedra é pau - e doido-de-pedra e cara-de-pau é quem disser o contrário; e se na terça-feira o consenso for 'pau é pau e pedra é pedra', fica sendo verdade, então, que pau é pau e pedra é pedra - e cara-de-pau e doido-de-pedra quem se atrever a levantar uma objeção. Não tendo os meios apropriados para criar os consensos sociais, decidiu, víbora que era, patrocinar intelectuais e cientistas que se dispusessem a, usando de jargão sibilino, conceber teorias estapafúrdias que lhes emprestassem aura de seriedade aos olhos dos ingênuos. E assim foi feito. Compreendendo que seria impossível criar um consenso universal a respeito do que quer que fosse, optou por criar consensos menores, adstritos a certas áreas das ciências. E assim fez: em defesa de seus interesses, financiou pesquisas para criar, além de outros, três consensos sociais, isto é, três verdades absolutas: há o fenômeno do aquecimento global cuja origem está na ação humana; durante o regime militar os comunistas lutaram em defesa das liberdades democráticas; e, o povo brasileiro é racista. E assim criaram estes três consensos os cientistas, os historiadores e os sociólogos que ele financiou com recursos infindáveis. Muita gente, todavia, não ecoou tais consensos; desconfiou, torceu o nariz: alguma coisa não cheirava bem: a realidade não os corroborava, desmentia-os. E aqui entram em cena os poderosos meios de comunicação, e intelectuais e cientistas de todos os naipes, todos, em uníssono, a promover agressivas campanhas de persuasão com o fim único de profligar todo homem audaz que ousou dissentir do consenso. E sempre que, após apresentar uma de suas teses, que correspondia ao consenso que os cientistas e intelectuais às suas expensas esposavam, ouvia o homem que sonhava ter o mundo aos seus pés uma objeção, os meios de comunicação iam em seu socorro, silenciando vozes contrárias. E assim ele arvorou-se o homem que sempre tinham razão.