Ilumina-se a Igreja por Dentro da Chuva
Cinco da manhã...
Despertam as horas no celular ...
No telhado, a chuva parece mais forte, mas docemente terna...
Rezo mentalmente o Pai-Nosso, a Ave-Maria, o Credo, a Salve Rainha e o Santo Anjo...
Decido se levanto ou se finjo que errei as horas...
A chuva me convida a ficar ali enrolada no edredon, mas o pouco de santa que existe em mim me toma pelas mãos e me faz sentar na beirada da cama...
Agradeço a Deus a noite que passou e o novo dia que chega...
Me apronto para a missa...
Faz um friozinho e decido não vestir o look novo que criei para esse domingo ( referência à primavera e também a um passado longe, mas fica para depois). Isso também está me cansando, mas prometi à primavera que a faria mais florida em 2019 e então vesti a blusa verde com florzinhas pink.. O laço na frente e as mangas compridas me pareceram tão senhoris! Mas não me importei, afinal sou mesmo uma senhora...
Chamei por são Cristovão e dei marcha a ré no fusca para tirá-lo da garagem.
Sem portão eletrônico sai na chuva para fechá-lo tropeçando nos saltos do scarpin nude. A chuva fina e calma molhando os cabelos pintados na tarde de ontem com Koleston 9,1.
Seis horas e trinta minutos...
Lá está a matriz de Sant'Ana com seus 149 anos... A praça molhada da chuva... Alguns cachorros de rua... Eles vivem ali à porta da Igreja...
Poucas pessoas ainda chegando de guarda-chuva...
Chego cedo à igreja para encontrar vaga para entrar com meu fusca na praça de frente perto da porta, pois meu esposo tem dificuldades de andar sozinho. È proibido colocar carros lá dentro, mas o pessoal da Igreja não me proibiu por causa de meu esposo, pois sinto que preciso leva-lo comigo à missa de domingo porque a Eucarístia é o encontro mais real que temos com Jesus e isso para mim é sagrado.
A chuva cai mansa...
O canto litúrgico ecoa em meus ouvidos e fecho os olhos. Sinto Deus bem perto de mim.
Padre Sérgio faz a procissão de entrada com os ministros e leitores do dia e ao longo da missa nos convida à conversão com aquele jeito tão santo! A conversão é difícil nos dias de hoje, mas ele tenta. É sua missão...
Alguns dos cachorros entram na igreja e me tiram a atenção, coçando-se bem a meus pés... Cheiram mal... Meu estômago embrulha. Sinto compaixão... O abandono é tão triste! Somos tão covardes!
Termina a missa...
Lá fora não estavam os internos da Fazenda esperança vendendo pães e alface como sempre fazem.
Vou para casa com a chuva mansa. O pensamento melâncólico... Não não farei poesia hoje... A poesia de hoje não terá fonemas, apenas sentidos.
Mas depois de tomar um café encontro-me com Fernando Pessoa em sua poesia como fosse a extensão da homilia de hoje. Interessante que ele falava da chuva e da igreja em seus versos...
E enquanto chovia lá fora ele dizia
Despertam as horas no celular ...
No telhado, a chuva parece mais forte, mas docemente terna...
Rezo mentalmente o Pai-Nosso, a Ave-Maria, o Credo, a Salve Rainha e o Santo Anjo...
Decido se levanto ou se finjo que errei as horas...
A chuva me convida a ficar ali enrolada no edredon, mas o pouco de santa que existe em mim me toma pelas mãos e me faz sentar na beirada da cama...
Agradeço a Deus a noite que passou e o novo dia que chega...
Me apronto para a missa...
Faz um friozinho e decido não vestir o look novo que criei para esse domingo ( referência à primavera e também a um passado longe, mas fica para depois). Isso também está me cansando, mas prometi à primavera que a faria mais florida em 2019 e então vesti a blusa verde com florzinhas pink.. O laço na frente e as mangas compridas me pareceram tão senhoris! Mas não me importei, afinal sou mesmo uma senhora...
Chamei por são Cristovão e dei marcha a ré no fusca para tirá-lo da garagem.
Sem portão eletrônico sai na chuva para fechá-lo tropeçando nos saltos do scarpin nude. A chuva fina e calma molhando os cabelos pintados na tarde de ontem com Koleston 9,1.
Seis horas e trinta minutos...
Lá está a matriz de Sant'Ana com seus 149 anos... A praça molhada da chuva... Alguns cachorros de rua... Eles vivem ali à porta da Igreja...
Poucas pessoas ainda chegando de guarda-chuva...
Chego cedo à igreja para encontrar vaga para entrar com meu fusca na praça de frente perto da porta, pois meu esposo tem dificuldades de andar sozinho. È proibido colocar carros lá dentro, mas o pessoal da Igreja não me proibiu por causa de meu esposo, pois sinto que preciso leva-lo comigo à missa de domingo porque a Eucarístia é o encontro mais real que temos com Jesus e isso para mim é sagrado.
A chuva cai mansa...
O canto litúrgico ecoa em meus ouvidos e fecho os olhos. Sinto Deus bem perto de mim.
Padre Sérgio faz a procissão de entrada com os ministros e leitores do dia e ao longo da missa nos convida à conversão com aquele jeito tão santo! A conversão é difícil nos dias de hoje, mas ele tenta. É sua missão...
Alguns dos cachorros entram na igreja e me tiram a atenção, coçando-se bem a meus pés... Cheiram mal... Meu estômago embrulha. Sinto compaixão... O abandono é tão triste! Somos tão covardes!
Termina a missa...
Lá fora não estavam os internos da Fazenda esperança vendendo pães e alface como sempre fazem.
Vou para casa com a chuva mansa. O pensamento melâncólico... Não não farei poesia hoje... A poesia de hoje não terá fonemas, apenas sentidos.
Mas depois de tomar um café encontro-me com Fernando Pessoa em sua poesia como fosse a extensão da homilia de hoje. Interessante que ele falava da chuva e da igreja em seus versos...
E enquanto chovia lá fora ele dizia
Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia,
E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça...
Alegra-me ouvir a chuva porque ela é o templo estar aceso,
E as vidraças da igreja vistas de fora são o som da chuva ouvido por dentro ...
O esplendor do altar-mor é o eu não poder quase ver os montes
Através da chuva que é ouro tão solene na toalha do altar...
Soa o canto do coro, latino e vento a sacudir-me a vidraça
E sente-se chiar a água no fato de haver coro...
A missa é um automóvel que passa
Através dos fiéis que se ajoelham em hoje ser um dia triste...
Súbito vento sacode em esplendor maior
A festa da catedral e o ruído da chuva absorve tudo
Até só se ouvir a voz do padre água perder-se ao longe
Com o som de rodas de automóvel...
E apagam-se as luzes da igreja
Na chuva que cessa ...
E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça...
Alegra-me ouvir a chuva porque ela é o templo estar aceso,
E as vidraças da igreja vistas de fora são o som da chuva ouvido por dentro ...
O esplendor do altar-mor é o eu não poder quase ver os montes
Através da chuva que é ouro tão solene na toalha do altar...
Soa o canto do coro, latino e vento a sacudir-me a vidraça
E sente-se chiar a água no fato de haver coro...
A missa é um automóvel que passa
Através dos fiéis que se ajoelham em hoje ser um dia triste...
Súbito vento sacode em esplendor maior
A festa da catedral e o ruído da chuva absorve tudo
Até só se ouvir a voz do padre água perder-se ao longe
Com o som de rodas de automóvel...
E apagam-se as luzes da igreja
Na chuva que cessa ...
E eu fiquei pensando que existe algo de sacerdotal na poesia e na chuva...
Sem justificativas hoje, porque meu longo texto em si mesmo já justifica toda a minha manhã. Ah! Justifico o titulo do texto que roubei do poema de Fernando Pessoa, que inclusive, também declamei e postei na aba voz . Espero que gostem. Tenham um lindo domingo caros amigos.