De uma opinião de Gilberto Freyre acerca dos negros no Brasil
Durante a leitura, ontem, do livro 'Homens, engenharias e rumos sociais', de Gilberto Freyre, deparei-me com um trecho que ilustra a sem-razão da política, de inspiração marxista, dos que objetivam separar brancos e negros em classes distintas eternamente antagônicas. Gilberto Freyre condena, veementemente, a importação, para o Brasil, de artefatos intelectuais adventícios que nenhuma contribuição oferecem ao estudo do tipo brasileiro, do homem brasileiro, de sua realidade histórica e cultural. Para ele, a política que interpreta a realidade social brasileira pela lente marxista, de separação das raças, a branca e a negra, em classes sem nenhum ponto de contato, visceralmente antagônicas, é um desserviço ao Brasil, um país cujo povo é produto do amálgama de tipos oriundos de todas partes do mundo, tipos os quais, em terras brasileiras encontrando um ambiental social e cultural favorável, desvencilharam-se dos grilhões que, em outras terras, lhes impediam o movimento pelas mais diferentes categorias sociais, raciais, culturais e religiosas.
Querem, vê-se, os que almejam produzir, no Brasil, o caos social, estimulando nas pessoas os mais baixos sentimentos, cooptando-as com oratória demagógica, arremessar os negros contra os brancos, não para, como alegam, eliminar as injustiças existentes. Querem produzir o caos, eu já disse, e repito, e para tanto promovem a luta de classes, e para eles os negros pertencem à uma classe, antagônica, esta, à dos brancos.