RECORDAÇÕES DA INFÂNCIA

AVENTURAS DA INFÂNCIA

Eu saía pela Chã de Areia afora

Procurando um troféu, uma colmeia,

Não faltava uma aventura, uma ideia,

Na minha infância que relembro agora.

Pescar de jereré a qualquer hora,

Pegar um passarinho de alçapão;

Fazer de tábua e lata um caminhão,

Um carrinho de corrida e ir embora!

Tomar banho de rio e de cascata,

Ir caçar passarinho pela mata:

Armando uma arapuca pro nambu.

Fazer tudo que desse em nossa telha,

Esfumaçar a casa das abelhas

Pra colher o puro mel de uruçu!

Antonio Costta

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RECORDAÇÕES DA INFÂNCIA

Buscar água escanchado num jumento

Conduzindo incuretas nos cambitos,

Ouvindo o som das vacas, dos cabritos,

Dos nhambus que ecoavam pelo vento!...

Elegias que guardo em pensamento:

Ouvir a minha avó cantar benditos,

Ouvir, de meu avô, antigos ditos,

Anedotas e estórias de relento...

Fisgar peixes no açude ou lá no rio,

Correr nu sob a chuva, sem ter frio,

Tomar leite de vaca no curral...

Comer jaca no pé, manga e cajá,

Na fogueira assar milho com sinhá...

— Minh’ infância assim foi tão natural!