O Brasil tem jeito? Veremos!
Neste ano de 2019, comemoro 50 anos de aventuras literárias. Aventuras, por ter discorrido sobre diversificados assuntos, numa peripécia de desfechos classificados nas categorias econômica, política, turística, humorística e cotidiana. Escrevi três pequenos romances, dois deles com fulcro no comportamento faltoso do homem público brasileiro. Nesse longo período, exatamente em 1970, produzi uma peça teatral da qual participei como ator. Meus escritos totalizam dezoito volumes de edição independente, oito contendo narrativas de quinze viagens realizadas na companhia de minha consorte, filhos e netos, por três Continentes: América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia.
O presente introito não objetiva enaltecer minhas qualidades literárias. Não me considero escritor, e sim, modesto contador de história, escrevinhador que faz uso da pena para satisfazer uma aspiração enrustida. O parágrafo inicial deste texto apenas consigna a passagem de meio século de minha existência travestida de escritor. A seguir, mudo de assunto para o que realmente interessa.
Há algum tempo, escrevi o texto intitulado Brasil Que Te Quero Forte. Na oportunidade, disse que o conceito de Brasil forte fora instituído a partir do nascimento do Plano Real e, consequentemente, da “quase morte” da inflação que nos assolava sobremaneira. Quase morte, entenda-se, pois, a danada ainda respira sem uso de aparelhos. Falta o tiro de misericórdia para expulsá-la ou, no mínimo, mantê-la a distância.
Disse eu, na crônica anteriormente citada, que o Brasil poderia tornar-se mais forte caso investisse em infraestrutura, destacadamente no transporte ferroviário e aquático (marítimo e fluvial). Espero do Ministro da Infraestrutura do governo de Jair Bolsonaro, Tarcísio Gomes de Freitas, providências iguais às do empresário Irineu Evangelista de Souza, a partir de 1851.
A primeira estrada de ferro brasileira foi construída graças à visão futurista e expansionista de Irineu Evangelista de Souza, que viajou à Inglaterra para conhecer a pujança da economia britânica, responsável pela Revolução Industrial.
O empresário tupiniquim foi contratado pela província do Rio de Janeiro para construir, por intermédio da Manchester, da Inglaterra, a ferrovia entre a praia da Estrela, na Baia da Guanabara, e a Serra de Petrópolis.
A primeira locomotiva a circular no Brasil foi batizada de A Baronesa, em homenagem à esposa de Irineu Evangelista. A viagem inaugural ocorreu em 30 de abril de 1854, partindo da praia da Estrela para Fragoso, num trecho de 14,5 quilômetros. A bordo, o imperador Pedro II e o visionário Irineu Evangelista de Souza, na ocasião agraciado por Sua Majestade com o título de Barão de Mauá.
Volto à questão das nossas ferrovias por terem sido criminosamente desmanteladas e esquecidas por sucessivos governos, a partir dos anos sessenta. Alguns mandatários foram responsáveis pelo desmonte irresponsável e interesseiro desse patrimônio nacional, enquanto outros não se dispuseram a ressuscitá-las ou revigorá-las, salvando-lhe trilhos, máquinas e edificações.
Em 1889, o Brasil dispunha de mais de 10.000 quilômetros de ferrovias. Entre 1911 e 1916, foram construídos mais 5.000 quilômetros. Um crescimento irrisório, considerando os aproximados 30.000 quilômetros de estradas de ferro atuais.
A rede de trilhos dos Estados Unidos abrange mais de 230.000 quilômetros. A Europa cada vez mais eleva sua extensão ferroviária. Quanto ao Brasil, o aumento da malha férrea ficou na retórica de nossos governantes. Lula, em discurso eleitoreiro, prometeu aumentá-la em 7.000 quilômetros. Ficou na promessa. O cara fala demais! Por justificáveis motivos, está preso.
De tudo, constata-se que as autoridades brasileiras foram velozes em ajudar a indústria automobilística a pilotar seus veículos recheados de dinheiro para afagar o interesse de nossos governantes e de seus asseclas.
O Brasil tem jeito? Talvez! Dependerá do voto consciente do eleitor, em sua maioria despolitizado e irresponsável.
Que Deus nos acuda!