Vida Real ou Ficção

Dando início a mais uma crônica enfrentando o debate das passagens bíblicas, passemos a análise da declaração: “É como um homem que, ao construir uma casa, cavou fundo e colocou os alicerces na rocha. Quando veio a inundação, a torrente deu contra aquela casa, mas não a conseguiu abalar, porque estava bem construída. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as pratica, é como um homem que constrói uma casa sobre o chão, sem alicerces. No momento em que a torrente deu contra aquela casa, ela caiu, e a sua destruição foi completa.” Evidente que os assuntos por nós abordados geram polêmicas e causam um certo mal-estar porquanto estão enraizados das mais variadas formas no meio social e são transmitidas e retransmitidas de pais para filhos, especialmente pela leitura do livro mais vendido no mundo; ainda assim, assumimos o desafio de enfrentar a discussão desta célebre passagem bíblica, em que o escritor incita o apego e o dever de obediência aos ensinamentos do livro; utiliza de pretensa sabedoria e descreve em gênero literário (parábola) assertiva de fidelizar os leitores a acreditar na existência de um “Senhor” e em suas “palavras”, oportunidade em que se dará bem na vida, mas se porventura não acompanhar nada daquilo, inexoravelmente se dará mal; e as pessoas, na maioria das vezes por incredulidade, constroem suas vidas crendo em algo que não passa de ficção; é aí que o ensinamento da parábola aprisiona, porquanto leva acreditar que para adquirir uma vida abundante e feliz deve seguir as linhas descritas no livro, sob a chantagem de aqueles que contrariarem a pregação estariam fadadas a uma vida destruída e infeliz; ou seja, aquele que ouve as palavras é como um homem que constrói a casa na rocha; e aquele que não pratica estaria todo lascado; a bem da verdade, pode estar ocorrendo o contrário, a pessoa coloca os alicerces num conto de fadas, e na vida dela os seus pés não estão no chão (com todo respeito); consequência lógica é ficar despreparada e sem malícia para as vicissitudes da vida; repisa-se, o tema é polêmico e indigesto, contudo, nos remete à reflexão sobre a importância de pensarmos a dicotomia - vida real ou ficção.