SOCIEDADE PARTICIPATIVA
Longe de macular religiões e crenças, mas um assunto presente nos mais variados discursos e que nos intriga bastante está relacionado com o distanciamento das pessoas e o endeusamento dos valores, ocasionando uma espécie de catarse em que os cidadãos estão mais preocupados em desvalorizar e desqualificar o semelhante, na maioria das vezes, comparando-o a um homem ideal (deus); perdendo a noção de que somos “farinha do mesmo saco”; ocupamos a mesma espaçonave chamada terra; os políticos, por exemplo, foram eleitos por nós; sangue do nosso sangue; espécie da nossa espécie; todos tem nariz (e perceba que espécie esquisita a nossa); quando distanciamos e não aceitamos as mazelas de nossos semelhantes, passamos instintivamente a odiá-los (num processo efêmero de fuga da realidade); ao comparar nosso semelhante a um ser perfeito, deixamos de confiar nele e a crítica fica banalizada; aposto todas as minhas cartas no inalcançável, em detrimento de enfrentar as coisas como elas são; encarar a situação política tal qual ela se apresenta; enfrentar o cotidiano como ele é; corruptível e hostil; honesto e benfazejo, poucas vezes; a nudez da realidade dissipa quaisquer incógnitas existenciais; a retina dos olhos visualiza a origem de tudo; ao invés de distanciar e criar repulsa, porque não sermos cúmplices; apontar erros e sugestionar soluções; aproximar das autoridades constituídas; entrar e sair de qualquer lugar; a democracia é modelo secular; acima dos céus, temos os satélites (inclusive a lua); o sol está distante e o Deus não se alcança; o nosso umbigo está preso na terra; não posso acanhar; abraço a liberdade de expressão; sou filho de degredados (quem não conhece a História do Brasil); para melhorar, praticar uma sociedade participativa; com críticas e denúncias; respeito e elogios; sopesando se não estou criando para os políticos o mesmo arquétipo que fora criado para as divindades.