ETERNA ESCRAVIDÃO

Dando continuidade à confecção de crônicas debatendo passagens bíblicas, passemos a análise da declaração: “Ora, se está sendo pregado que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como alguns de vocês estão dizendo que não existe ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou; e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm.” Um dos comentários à crônica “Bendito o homem que confia no homem” me chamou particularmente atenção pois fala da origem suméria dos escritos que hipoteticamente haveriam sido copiados por escritores. Neste diapasão, as passagens bíblicas podem estar recheadas de plágio e sofismas. Por exemplo, o que se depreende do trecho assinalado, em que o escritor parte da premissa da existência de um “Cristo” e de que supostamente estaria sendo ventilado no meio social de que aquele Cristo haveria ou “ressuscitou dentre os mortos,”; e o escritor sentencia algo supostamente dito no meio social, sob a forma de indagação “como alguns de vocês estão dizendo que não existe ressurreição dos mortos?”; logo depois inicia um processo reflexivo de tomada de consciência ao dizer “Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou;” (sempre na retórica da existência de um “Cristo”); agora cai em si, faz uma altercação distante de sofismas e próxima do que é plausível segundo o que “e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, com também é inútil a fé que vocês têm.” Aqui fica perceptível, pelo menos por um instante, que a escrita assume papel antagônico à estória perpassada ao longo dos séculos, e propõe algo novo, plenamente aceitável (“Cristo não ressuscitou”), poderíamos avançar um pouco mais e sugerir que não há e nunca existiu tampouco morreu ou ressuscitou (o que é impossível); e o complemento da narrativa do escritor é válida segundo a qual é inútil a pregação (empurrada goela a baixo do meio social); no entanto, e por último, ouso discordar do arremate do escritor no sentido de que “como também é inútil a fé que vocês têm.”, porquanto quando se fala da palavra fé, nada impede ao meio social agir como papagaio, e repetir o que lhe é dito, ou o que está escrito, e acreditar ou desacreditar naquilo que bem entender, estabelecendo este ou aquele, como forma velada de manter sua eterna condição de escravo.

Edras José
Enviado por Edras José em 03/10/2019
Código do texto: T6760574
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