Que a Arte nos aponte o caminho.
Que a Arte nos aponte o caminho.
Quando fui ao encontro dele, avisaram-me que estava em sua oficina de engendro. Confesso que fiquei muito curiosa, porque não sabia de que se tratava essa oficina, mas mesmo assim acenei com a cabeça concordando e perguntei como chegar até lá.
Ela me orientou dizendo que percorresse por todo jardim e ao final, após o canteiro de jasmim o avistaria. Agradeci e a senhora de lindo sorriso que subiu as escada em direção a varanda, onde se acomodou em uma cadeira almofadada perto da mesa, que tinha um jarro de flores azuis, uma xícara de chá, rosquinhas e um livro. Ela parecia estar esperando a chegada das primeiras estrelas da noite, pois não parava de olhar o céu.
Fui afastando e adentrando pelo jardim, praticamente guiada pela fragrância das flores. Não resisti e abaixei diante um enorme canteiro, era jasmim. O perfume seduzia, toquei em suas flores alvas, ternas, macias.... Fiquei ali alguns minutos distraída e ainda mais deslumbrada com a chegada de uma libélula azul. Portava como se estivesse despedindo e desejando boa noite a todas as flores do canteiro. Esperei por sua partida, pois não queria atrapalhar, não demorou muito, saiu voando em direção à um outro canteiro.
Continuei caminhando pelo jardim, mais adiante pude perceber faíscas de fogo caindo em várias direções em uma tenda, apenas coberta por um telhado e de paredes abertas, ele estava de costas a criar. Faíscas caiam por todos os lados, feitos raios de sol alumiando a chegada da noite, o chão brilhava como vagalumes a voar.
Aproximei um pouco mais e agora elas pareciam sorrir; risadas cantarolavam por diversas direções, cheguei ate esboçar um sorriso. O fogo brilhava feito chuva dourada em dia de arco-íris. E em cada movimento dele, algo parecido a uma árvore, estava sendo forjada, germinada, ganhando vida.
Esculpida em meio a lágrimas e sorrisos de fogo, semelhante as de uma mãe ao parir seu filho, um misto de dor e alegria, ao ver sua cria nascer.
Fiquei em silencio a observar, até que cessou o fogo e seu choro.
Ele tirou a proteção de seu rosto e virou para minha direção, vi em sua face, lágrimas expostas.
Eu sorri e disse:
_Oi! Boa noite, podemos ir?