Bolsonaro na ONU
Em um universo paralelo, o presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, apresentou, na ONU, um discurso ao gosto dos esquerdistas e dos isentões:
"Meus senhores, peço-vos desculpas por ousar desafiar-vos. Reconheço-me, meus senhores, um homem desprezível, torpe, malcriado, ignorante, que não merece sentar-se na cadeira de presidente do Brasil. Sei, hoje, e confesso, compungido, com dor no coração, que eu não tenho nenhum preparo para o exercício da presidência do Brasil; que os meus adversários nas eleições de 2018, sim, têm. Os senhores Fernando Haddad, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Guilherme Boulos e João Amoêdo e a senhora Marina Silva são seres superiores, de moral ilibada, dignos representantes do panteão divino da política brasileira; qualquer um deles, no Palácio do Planalto, promoveria um trabalho exemplar e faria do Brasil um país rico e próspero, sem fome, sem pobreza, sem miséria, sem injustiça, sem desigualdade de renda, sem privilégios para os políticos, sem violência, sem analfabetismo, sem semi-analfabetismo, sem desperdício de recursos públicos, sem opressão, sem tráfico de drogas, sem roubos, sem assaltos, sem estupros, sem crimes de colarinho branco, sem balas perdidas, sem desvios de dinheiro público. Os assaltos, os roubos, os assassinatos, os latrocínios, e outras atividades laborais, que, hoje, contra o bom-senso univeral, são dadas como crimes, em atendimento à excelência da ideologia socialista, que, em sua sabedoria eterna as tem como meios de eliminação da desigualdade de renda e de injustiças sociais, teriam reconhecimento legal, e os seus profissionais gozariam de liberdade, salvaguardada por lei, assim, anulando, de imediato, e inequivocamente, todo o desprezo e a má imagem que eles possuem na atual política, nociva, repulsiva, de matriz cristã.
Reconheço, hoje, meus senhores, que incorri num erro gigantesco, imperdoável, ao lançar a minha candidatura à presidente do Brasil, e nela persistir, até obter a vitória, contra todos os prognósticos, antevistos pelos jornalistas, brasileiros e estrangeiros, que me apontavam como um político incapaz de governar o Brasil, um político bronco, truculento, estúpido, agressivo, ignorante, que traria prejuízos ao Brasil, pondo-o em rota de colisão com nações soberanas e organizações internacionais, todas promotoras da paz mundial, do bem dos povos e das nações. Reconheço, hoje, constrangido, que incorri em um erro imperdoável. Mereciam ocupar o cargo que ora ocupo um dos meus concorrentes à presidência. Infelizmente, eu não ouvi a voz da razão, e deixei-me seduzir pela minha vaidade, suscetível a influências nefastas; e, em minha ousadia, prejudico a vida de milhões de brasileiros.
E que ninguém se atreva a imputar aos senhores Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, Davi Alcolumbre, presidente do Senado, Dias Toffoli, presidente do STF, as dificuldades que ora o Brasil enfrenta. São todas de minha inteira e exclusiva responsabilidade. Penitencio-me diante dos senhores, meus senhores, certo de que eu irei flagelar milhões de brasileiros, que, até antes de eu assumir a presidência do Brasil, gozavam de opulência e segurança inigualáveis, recebendo, dos governos anteriores, todos de esquerda, o que há de melhor em educação, saúde e segurança, todas públicas.
O socialismo, meus senhores, ergueu nações ricas e prôsperas. A Venezuela, sob o comando de Hugo Chávez, homem de coragem irrivalizada e de profundo amor pelos venezuelanos, fez de seu país uma democracia exemplar, e seu sucessor, Nicolás Maduro, seguindo-lhe os passos, oferece aos venezuelanos a riqueza que só o socialismo pode proporcionar às pessoas. E a Venezuela, hoje, só não alcançou as culminâncias de uma nação suprema e não está inserida no rol das dez nações mais ricas e poderosas porque os Estados Unidos da América, sob governo do famigerado Donald Trump, o Grande Satã, assim o denominam os sábios aiatolás, impõem-lhe sanções econômicas que roubam aos venezuelanos vida paradisíaca que a política bolivariana de Nicolás Maduro, socialista, benfeifor da humanidade, lhes ofereceria. Infelizmente, os Estados Unidos, paranóicos, mentecaptos, ainda estão em pé e com a cabeça na Guerra Fria, enfrentando monstros imaginários, crentes numa lenda, que eles tomam como real: a que nos ensina que os comunistas comem criancinhas.
Quero pedir perdão ao senhor, sinhô Emmanuel Macron, mandatário da França, nação que, sob o vosso governo, prospera rapidamente, reassumindo o seu papel de liderança global, natural, seu de direito, inalienável, e reassegurando o seu poder de influência, que lhe escapava das mãos devido à negligência dos seus antecessores. Emmanuel Macron, meu sinhô, perdõe-me, eu vos suplico. Vós não merecestes o descaso, a indiferença com que vos tratei recentemente. Vós, meu sinhô, um homem humilde, probo, denodado, másculo, sacrifica-se, corajosamente, pelo bem do seu povo, e, também, pelo bem da humanidade. A sua abnegação é louvável, é heróica, é suprema. Vós sois, sinhô Emmanuel Macron, um herói portentoso, uma excelência entre vossos pares, o suprassumo do estadista, nobre, guerreiro audaz, de intelecto sagaz, encantador, de personalidade exuberante, de beleza deslumbrante, casado com uma diva, uma sílfide, uma deidade, uma náiade, mulher de maravilhosa beleza, que, de tão radiante, transporta ao paraíso todas as pessoas que a admiram, alumbrados, que lhe contemplam a majestosa figura. Renovo, sinhô Emmanuel Macron, os meus pedidos de perdão, eu vos suplico.
A Amazônia não é do Brasil. É um bem da humanidade, patrimônio universal. O Brasil não possui o desejo e nem a vontade de, nem a coragem para, defendê-la, conservá-la. É o Brasil negligente. O Brasil se nega a preservá-la. E sob o meu governo ela não será preservada. O Brasil abre mão da sua parcela da Amazônia e entrega a administração da sua preservação aos organismos internacionais. O Brasil não perderá quase a metade de seu território; ganhará a reputação, merecida, de nação generosa ao se dispor a ceder a Amazônia às organizações internacionais; reconhece os seus erros, a sua negligência, o seu descaso, ao cedê-la à ONU e organizações associadas e aos banqueiros internacionais, que a preservarão pensando no bem-estar da humanidade. A cessão o Brasil a faz ciente de que é o único responsável pela devastação da Amazônia, certo da boa-vontade dos organismos internacionais em extrair dela riquezas que irão eliminar a fome no mundo e aniquilar as injustiças sociais, as desigualdades de renda, as guerras. E que o presidente francês, sinhô Emmanuel Macron, assuma o governo do órgão que irá se encarregar da administração de todos os recursos extraídos da floresta amazônica e empregados para o bem comum da humanidade, e não para o atendimento de interesses pecuniários, mesquinhos, dos potentados internacionais. É o sinhô Emmanuel Macron o homem ideal para empreender tão ingente tarefa. Em auxílio a ele, sinhá Angela Merkel, mandatária da Alemanha, proba, correta, nobre personalidade, mulher de coração puro, de espírito imarcescível, cuja atividade à frente da mais rica e próspera nação européia é um modelo de administração pública eficiente, em defesa dos princípios morais eternos. E devo, aqui, humildemente, curvar-me diante de sinhá Angela Merkel, insigne modelo de mulher, e suplicar-lhe perdão pelo desplante com que vos tratei, imerecido, num rompante de arrogância, orgulho ferido e desdém; eu, um ser desprezível, merecedor de vergastadas, e do fogo do inferno, maculei, com palavras desabonadoras, a reputação de tão excelsa senhora. Sinhá Angela Merkel, suplico-vos o perdão, eu, vosso humilde servo.
Os meus antecessores no Palácio do Planato, homens nobres, excelsos, magníficos, merecem ter, em estátuas esculpidas em bronze, suas efígies, suas figuras heróicas, magníficas. Socialistas, sacrificaram-se pelo bem comum dos brasileiros. Os senhores Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva dedicaram-se oito anos cada um deles à direção do imenso, gigantesco Brasil, convertendo-o numa nação rica, próspera, sem desigualdade de renda, sem injustiça social, sem pobreza, sem miséria, sem fome; ofereceram ao povo brasileiro os bens mais preciosos que o socialismo, ideologia promotora de justiça e produtora de riquezas, pode oferecer: educação primorosa, reduzindo o analfabetismo a índices irrisórios; política de segurança pública eficiente, diminuindo os índices de violência ao do que se vê nas nações ricas; sistema de saúde público, tão vasto, tão eficiente, que atende a todos os cidadãos brasileiros, do mais pobre ao mais rico.
Meus senhores, o capitalismo produz miséria, sofrimento e morte; e o socialismo, riqueza, justiça, e ordem, e concede ao povo fartura de gêneros alimentícios, liberdade para expressar seus pensamentos, suas crenças religiosas. Venezuela e Cuba são, nas Américas, os melhores modelos do bem que o socialismo produz. Na Venezuela, cujo mandatário, Nicolás Maduro, um herói bolivariano, tem de enfrentar inimigos internos que querem alijá-lo da cadeira outrora ocupada por Símon Bolívar, o povo usufrui de todos os bens que a inteligência socialista criou, e em abundância.
As guerras religiosas são provocadas pelos cristãos, que caçam todos os adeptos de outros credos, e os dizimam. É o cristianismo o ópio do povo.
Cabe à ONU o governo mundial. A existência das nações soberanas é a causa das guerras, de mortandades. Todos os limites territoriais têm de ser abolidos, e imediatamente. E Israel tem de restituir o seu território aos palestinos, e Jerusalém aos islâmicos. Benjamin Netanyahu é um sujeito desocupado, irresponsável e inescrupuloso.
E os Estados Unidos não podem persistir numa política egoísta, de respeito à sua soberania, nacionalista, à sua Carta Magna exclusivista, oposta à harmonia universal. O presidente Donald Trump tem de explicar o seu conluio com os russos, e, se não corresponder ao que lhe exigem, ser defenestrado da Casa Branca, cuja edificação ele não merece habitar; e ele deve, também, desculpar-se ao senhor Barack Hussein Obama, um homem agraciado com a sabedoria e inteligência sublime, herdeiro legítimo dos sábios da antiguidade; e tem o dever moral de reconhecer a supremacia da China e curvar-se ante Xi Jinping, e cessar, e imediatamente, sua agressiva política comercial. É de direito da China a liderança mundial, econômica, cultural, política, militar. Resistir-lhe é sandice. E é Donald Trump um mentecapto.
O Brasil reconhece sua condição servil. Cede às organizações mundiais o governo da Amazônia. Encarecidamente, solicita à ONU política de emancipação das nações indígenas que se localizam em território brasileiro. E à ONU transfere o poder de definir as diretrizes de todas as políticas públicas brasileiras, desobrigando-a de prestação de contas ao Brasil.
E renovo, sinhô Emmanuel Macron e sinhá Angela Merkel, o meu pedido de perdão. Eu jamais me atreverei a vos faltar com o respeito que vós mereceis.
Encerro, dizendo: o Brasil submete-se, humildemente, às ordens de personalidades que, reconhece, constrangido, superiores, são detentoras da sapiência socialista, a única sabedoria autêntica, dom que lhes concede poder para eliminar todas as mazelas que afligem a humanidade. Obrigado."