Bendito o homem que confia no homem
Ouso discorrer em minha escrivaninha sobre algumas ilações descrevidas e notoriamente conhecidas como passagens bíblicas.
Nesta crônica falarei da declaração: “Maldito o homem que confia no homem”.
Começo com a seguinte indagação: O que será do homem que não confia no homem?
Não estou aqui para julgar aspectos religiosos.
Mas ouso discordar da declaração de que é maldito o homem que confia no homem.
Ao contrário, entendo como bendito o homem que confia no homem.
O homem age com desprendimento e confia.
Confia no que o outro diz.
Antes, acreditar no homem significa investir nele.
Apenas confia, sem temor e tremor.
Mas o orgulho não deixa confiar.
Deveria partir do pressuposto, do homem ético.
E confiar no que o homem diz.
(não se trata de delírio)
Minha autocrítica diz que posso confiar.
Meço a desvalorização e perda de tempo em desconfiar no próximo.
Nas relações familiares, principalmente.
A mulher confia no homem e vice versa.
Nas relações profissionais, deve imperar a mutualidade de confiança.
Nas relações sociais e políticas, a ética deve prevalecer.
Nas relações internacionais, os países se relacionam na qualidade de “país acreditador” e “país acreditado”.
E por aí vai.
Vou chamar de maldito aquele em que posso confiar?
Vou chamar de bendito aquele que me passou a perna ou traiu?
Não que eu esteja sendo ingênuo ou incrédulo, mas o desprendimento pra confiar no semelhante fortalece os vínculos afetivos e as relações interpessoais.
Como vou deixar de confiar em algo que você fala?
Como eu vou desvalorizar a prata da casa?
Então esse negócio de sair por aí dizendo que maldito é o homem que confia no homem induz as pessoas a serem desconfiadas e desvalorizadas.
Bendito o homem que acredita no homem; tem o amor da mãe natureza a seu favor.
Ao homem maldito, apenas a maldição.