sem preconceito às prostitutas

Minha vida é marcada com muitos relacionamentos amorosos e sexuais com prostitutas. Em 1976, com 15 anos larguei os estudos para morar com meu pai (que não bebia nem fumava) na cidade de Anápolis, em um bar na zona de baixo meretrício, muito comum na época. Ajudava na manutenção do boteco, jogava sinuca e fumava cigarros da marca Du Maurier. Quando a polícia chegava eu me escondia. Certa noite, não houve tempo de eu me esconder e me colocaram num camburão de uma viatura veraneio; mas, por ser conhecido, me liberaram logo em seguida.

Era a época do disco em vinil e da vitrola e da discoteca, ritmo de música internacional, mas só se tocavam músicas sertanejas raízes toda a noite e até durante o dia. As pessoas bebiam muito, mas não usavam drogas. O sexo não era só comércio; havia muita paixão entre prostitutas e seus clientes. A palavra chave era fazer amor e não transar. Envolvi-me sentimental e sexualmente com as garotas mais bonitas. Usavam-se pílulas, mas muitas se engravidavam. Camisinha era uma raridade. Peguei muitas doenças venéreas, hoje doenças sexualmente transmissíveis. A Aids não existia, estava sendo produzida em laboratório.

O meu pai acabou vendendo o bar. Em 1978, retornamos, meu pai e eu; mas eu comprei um bar separado. Passados alguns meses desisti do negócio para trabalhar como pedreiro e encarregado de obras. Em 1980 voltamos para Goiânia (meu pai e eu) a trabalhar na construção civil. Em janeiro de 1981 entrei para o funcionalismo público estadual e meu pai voltou para Anápolis a comprar um bar na zona de prostituição. E de vez em quando visitava o bar de meu pai para me relacionar com as prostitutas. Devido ao aumento da violência e criminalidade, meu pai desistiu do negócio e voltou a trabalhar de pedreiro até se aposentar.

Para quem pensa que só os homens bolinam as mulheres, uma situação insólita aconteceu comigo; pegara um ônibus com rota de uns 15 quilômetros ao centro de Goiânia, e como fui um dos primeiros passageiros a entrar achei uma poltrona vaga ao lado do corredor. O ônibus lotou rapidamente e uma passageira de boa aparência bolinou em mim e começou a esfregar a sua região pubiana em meu ombro o que me causou muita ereção. E mesmo com o ônibus esvaziando a mulher continuou até a minha ejaculação intensa. A mulher desceu risonha. Fui o último passageiro a descer devido estar um pouco envergonhado e a minha calça estar molhada. Tirei a camisa e cobri a região. Passei em uma loja e comprei outra camisa para vestir, e segui meu destino com o dever cumprido e uma bela recordação.

Por nunca ter uma namorada “de família”, continuei visitando as casas de prostituição em Rio Verde e em Goiânia. Certa vez, em minhas andanças, encontrei o meu pai. “E aí o que anda fazendo por aqui. ” “O mesmo que você”. O meu pai esperou eu ficar com uma mulher, e fomos embora juntos contando as aventuras. Já testemunhei prostitutas universitárias, professoras, noivas e até casadas que não visavam dinheiro mas conhecer alguém e iniciar um relacionamento mais perspicaz. A maioria é de mulheres separadas, sem profissão, com filhos a sustentar.

Pela inconstância dos relacionamentos conjugais (e muitas brigas), não tenho nenhum preconceito contra à prostituição. A prostituição está mais virtual, presente em sites e nas redes sociais, mas se materializa nas festas populares e no turismo; e muitos relacionamentos se concretizam. Os prostíbulos decaíram devido a marginalidade e intolerância da polícia; mas persistem em locais isolados e em fundo de bares. No meu modo de ver, a prostituição não pode ser marginalizada, é uma profissão antiga que precisa ser regularizada. As prostitutas são pessoas comuns com os mesmos direitos e deveres, e precisam ser valorizadas e assistidas com programas sociais como saúde, educação e cursos profissionalizantes.

Goiânia, Goiás, 08-09-2019

Alonso Rodrigues Pimentel
Enviado por Alonso Rodrigues Pimentel em 10/09/2019
Reeditado em 10/09/2019
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