Superação em dose dupla!
Superação em dose dupla!
Nosso relacionamento foi providencial, costumo dizer. Eu precisava de alguém, naquele momento , para “cuidar” de mim, e ela precisava de dar um novo significado em sua vida.
E foi assim que, nós duas, nos envolvemos, naquele momento tão peculiar em nossas vidas!
Ela era cordata, apaziguadora e bastante amável. Eu,rebelde,impulsiva , agressiva e bastante manipuladora.
Nos primeiros dias de relacionamento ela já havia percebido meu temperamento . Mas, com certeza, acreditava , que, com o tempo, me ajudaria. Mas com o passar dos dias, eu percebi o quanto ela havia se arrependido por estar comigo. Mas, também, dizia que não conseguia mais viver sem mim. E fomos nos adequando a um clima, ora de muito carinho e cumplicidade, ora de revolta e agressividade, por minha parte.
O tempo foi passando e apesar de tudo, nos amávamos cada vez mais. Ela sempre tentado conversar comigo nos meus ataques repentinos de fúria e agressividade. Passava a mão na minha cabeça e olhava com aquele olhar profundo e triste, tentando me entender. Mas eu piorava a cada dia. Muitas vezes eu jogava qualquer objeto que via, pela frente, no chão ou saia desbaratinada pela rua , sem direção. E voltava depois de alguns minutos a procura de um aconchego dela. E ela me dava!!!
As vezes estávamos trocando carinho e, de repente, eu a agredia fisicamente. Ela, frustrada, saia de perto. Cada vez que ela deixava de reagir, mais eu me enfurecia.
Eu não entendia o que se passava comigo. As vezes pensava que era por ter sido abandonada debaixo de uma escada quando bebê... sim! Essa é minha história!!!! Triste, não? Minha mãe teve muitos filhos e eu fui, literalmente, descartada.
Mas ela dizia que, mesmo que se essa fosse a causa de tal comportamento impulsivo e agressivo, eu deveria escuta-la para poder ajudar-me e , também, deveríamos procurar ajuda de um especialista.
Consultamos vários profissionais para avaliar o meu quadro clínico. Todos eram unânimes em dizer que poderia ser algum comportamento mal sucedido “dela” que causava aquelas “crises” em mim! Como poderiam justificar um comportamento agressivo e “louco” meu, com alguma atitude dela?
Eu Sentia pena dela, pois eu sabia que não era.
Mas, não adiantava! Eu oscilava de um extremo ao outro, amável em excesso e agressiva na mesma proporção.
Até que um dia um profissional me receitou um ansiolítico e fez efeito ao contrário. Passei a noite inteira acordada e agitada e jogando objetos pelo chão. Nesse dia ela me falou que desistiria de mim... que eu lhe causava mais mal do que bem.
No outro dia, uma amiga foi nos visitar e nos disse que poderia ser espiritual e que eu poderia ser sensitiva. Morávamos em uma casa centenária e que ali, segundo essa amiga, poderia ter muita energia de antepassados. E que eu captava.
Escutávamos a todos!
Sei o quanto ,nesse relacionamento, ela tentou me ajudar.
Desde o princípio, a sua única imposição, que conseguiu manter até hoje , foi a de não permitir que eu dormisse ao seu lado.
Seu sono era sagrado já que trabalhava o dia inteiro e eu ficava em casa.
O tempo foi passando e eu via em seus olhos a decepção que ela tinha por ter permitido eu entrar em sua vida. Mas ela não desistia de mim e nem eu dela.
Um dia ela, decidida , depois de muitas tentativas, resolveu orar por mim! Tomou minha cabeça, enquanto eu, apática , estava deitada em sua cama.
Senti uma paz enorme naquele momento. Além dela me passar muita energia, me disse o quanto me amava e que nós duas podíamos ser felizes juntas. Ela saiu dali e me deixou sozinha... naquela tarde dormi em seu quarto, um sono que eu não conhecia. Eu me sentia leve e muito aconchegada. Dormi a tarde inteira.
A partir daquele dia algo mudou dentro de mim. Meus comportamentos não extinguiram por completo, mas, hoje, minhas crises são leves e passam num segundo.
Hoje somos felizes! Todas as manhãs vou para seu quarto e nos abraçamos por vários minutos. Hoje ela permite que eu ronrone em seus ouvidos antes que ela se levante . Hoje sou uma gata feliz! Graças a ela e seu amor! Superamos!!!
Baseado em uma história verídica.