Retrospectiva familiar

Sou brasileiro, divorciado, natural de Mimoso de Goiás, que na época era distrito de Niquelândia; nasci às 03 horas do dia 13 de agosto de 1960 numa fazenda banhada pelo rio Bom Jesus que deságua no rio Maranhão afluente do rio Tocantins, onde minha mãe Maria Conceição Rodrigues (falecida em 2003) lavava vasilhas e roupas enquanto meu pai Odom Rodrigues Pimentel (falecido em 2004) tirava o leite da vaca, capinava ou consertava a cerca. Meus dois irmãos mais velhos Darci (menina) e Pedro morreram ainda pequenos por falta de tratamento médico devido a precariedade na Saúde Pública.

Além da pouca tecnologia da época, Mimoso era um local isolado onde as pessoas no lombo de um cavalo se deslocavam por mais de 100 quilômetros para fazer compras em Corumbá de Goiás. O rio Maranhão divisa com Padre Bernardo só se atravessava de balsa ou canoa, e quando chovia muito era arriscado a travessia. Havia poucas estradas e muitos carros de bois na região. Brasília distante cerca de 100 quilômetros finalmente estava saindo do papel. Por volta do ano de 1961 mudamos, meus pais e eu, para uma fazenda no município de Pirenópolis, Goiás, onde nasceram o Afonso e a Deusa. Lembro-me que a plantação de arroz me cobria e eu brincava de correr com outras crianças. Mudamos para o distrito de Jaranápolis (três ranchos), onde o Vilmar nasceu, onde o meu pai tinha uma casa, uma venda e um caminhão e onde o Afonso, com 05 anos de idade, quase morreu, por estar brincando com um revólver e dispará-lo contra si ao lado do umbigo e ser levado às pressas para um hospital de Anápolis.

Em 1969 e 1970 morávamos em Anápolis, Goiás, onde o meu irmão Edmar que também gosta de escrever poesias, nasceu. Eu e meu irmão Afonso, fomos matriculados na Escola Municipal Elzira Balduíno, bairro Maracanã, no pré-escolar do antigo primário; mas por tirar sempre a nota 100 fui promovido para a 1ª série. A nossa primeira professora se chamava Afonsina. Com um olhar de criança assistia pela TV em branco e preto a chegada do homem à Lua. Em 1970, cursei a 2ª série na Escola Municipal Inácio Sardinha de Lisboa, no distrito de Interlândia, conhecido por “Pau Terra”. O que me marcou nesta escola foi ter ganhado da professora como presente de amigo secreto um sabonete da marca “Rexona”, que me serviu como uma lição indireta, isto é, procure andar sempre limpo e cheiroso para não dar o que falar. Os álbuns de figurinhas, que gostava de colecionar, era a internet de hoje. A Copa do Mundo de Futebol me atraia, e assistia alguns jogos. Sabia de cor e salteado o nome dos principais jogadores da nossa seleção de futebol, que se tornaria campeã ao vencer a Itália por 4 a 1.

Mudamos para Goiânia no ano de 1971, eu, meus pais e mais 04 irmãos, Afonso, Deusa, Vilmar e Edmar. Deuzeli e Rosiane vieram depois de outra mãe, e foram criadas como filhas por minha mãe. Até os 12 anos engraxava sapatos no centro de Goiânia, onde era bem tratado e ganhava comidas nas residências. O uso de drogas e a violência não se comparavam aos dias de hoje. Época em que menor podia trabalhar com carteira assinada; e com 12 anos trabalhei como cobrador de ônibus durante 2 anos e 6 meses. Trabalhei de servente com meu pai durante a adolescência. Mas muito trabalho em idade precoce afetou os meus estudos, comecei a tirar notas ruins até abandonar.

Em 1977, mudamos para Braslândia, Distrito Federal, onde trabalhava de pedreiro com meu pai na construção do conjunto habitacional de Ceilândia e abandonara a 8ª série, sem nenhum motivo. Em 1978 voltamos a morar em Anápolis. Lembro-me que gostava muito de música popular e sertaneja, e ensaiava ser compositor e cantor; e foi quando comecei a rascunhar os primeiros poemas, sem muita noção de literatura e pouca gramática. Em 1983 retornei aos estudos na 8ª série do antigo primeiro grau após 07 anos de abandono, no Colégio Cruzeiro do Sul, no Conjunto Cruzeiro Sul, em Aparecida de Goiânia; e depois de ler alguns autores, decidi-me pelo gênero literário lírico (musical), com versos curtos e não medidos e com temática lírico-religiosa, amorosa e social, mas com uma linguagem rápida (simples), não tradicional. Em 1995, publiquei o meu primeiro livro de poesia religiosa intitulado “Caminho de Luz”, pela editora Kelps. Tenho 19 livros publicados, sendo 05 de poesias religiosas, 11 de poesias amorosas e 03 de frases, e participação em algumas antologias.

E por gostar muito de ler jornais e revistas, descobri o estilo literário “crônica”. Lia as crônicas de Carlos Drummond de Andrade e de autores goianos nos jornais O Popular e Cinco de março hoje Diário da Manhã. Destarte, interessei-me em escrever crônicas. Nos anos 90 passei a publicar minhas crônicas em jornas de Rio Verde, Jataí e Goiânia até o ano de 2003. Em 2008 voltei a escrever e publicar minhas crônicas em sites na internet. O certo é que ninguém nasce sabendo, nem sabe o suficiente, por isso, estou aprendendo a escrever crônicas. Ainda me falta publicar um livro de crônicas, mas nunca é tarde.

A crônica é um estilo literário antigo pertencente a prosa, que se caracteriza com textos não muito longos nem muito curtos, com linguagem narrativa, descritiva e dissertativa e, às vezes, poética. Na Bíblia Sagrada há um livro de crônicas, com vários autores. E em diversos reinos antigos haviam cronistas, narradores de fatos. Pelo visto, a crônica é precedente do jornalismo. A crônica se adaptou ao mundo moderno por abranger diversos temas do cotidiano como familiar, religioso, político, esportivo e filosófico, e até a ficção, pequenas histórias inventadas. A crônica se popularizou entre os escritores e poetas, por ser uma comunicação mais dinâmica e realista e dar mais espaço nos veículos de comunicação expressa e virtual. Enfim, a crônica é um complemento da literatura que só enriquece quem escreve e lê.

Goiânia, Goiás, 20 de agosto de 2019

Alonso Rodrigues Pimentel
Enviado por Alonso Rodrigues Pimentel em 24/08/2019
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