Coração alado

“Dizem que a lembrança da infância é o único sonho real que nos resta na fase madura da vida, os demais são meras utopias”. Estava conhecendo os labirintos dessa face, aonde um copo de água muitas vezes da impressão que vai ocorrer um tsunami, ou um luar prateado, uma canção romântica, faz o ambiente ficar mais florido, e assim pode viajar no tempo sem sair do lugar.

Olha a foto, firma mais a visão que começa turvar com o surgimento das primeiras lágrimas. Será a primeira dona do seu coração, tem vergonha e não quer contar seus sentimentos, mas seu comportamento o acusa, é O AMOR.

Na colônia a poucos dias veio morar, no clã uma moreninha cor de jambu faceira como quê, laço no cabelo comprido, os meninos o apelidava de índia, sorriso espontâneo, lábios de mel. Queria ser seu namorado!

Foi a “caça”, o cupido certeiro flechou seu coração, depois dessa foi ser o aquário para protegê-la e embrenhar, buscar a melhor onda para surfa.

O tempo caprichoso desfez aquele cenário, não tem mais a caboclinha, nem pode com “prancha”, as ondas agora são outras, seu coração fica alado todas vezes que vê sua foto.

Sente falta dela, da infância que se foi, das lembranças que ficaram, das pessoas que partiram e que nunca mais voltarão, pois assim como a morte, o passado não tem retorno.