DIFÍCIL USAREM OS DOIS PONTOS.

OS DOIS PONTOS RECLAMARAM: DONA GRAMÁTICA, POR QUE NÓS NÃO ESTAMOS?

Crônica de Honorato Ribeiro.

Os Dois Pontos saíram lendo os artigos de muitos jornais e livros e ficaram revoltados não lhes vendo naquelas literaturas e foram logo perguntar a dona Gramática: Onde a senhora estava que não reclamou dos que escreveram sem nós os artigos que publicaram, Dona Gramática? Veja a senhora o que lemos, por exemplo. Hoje temos feijão, arroz, carne, frango, macarrão, carne de porco, verduras... Esqueceram-se de nós, dona Gramática! Depois, nós fomos mais adiante e lemos um jornal. Uma noticia. Uma bomba explodiu e matou muitas pessoas. Ali não deveríamos estar? Uma notícia: E onde a senhora estava que não reclamou as nossas ausências!? Mais adiante lemos. Conto-lhe direitinho. O Mário bateu a porta com muita força. Não deveria escrever corretamente? O certo é: Jamais fiz isto. Não é, dona Gramática? Olha outro erro sem colocar-nos nesta frase. Disse Jesus aos seus discípulos. Amai uns aos outros como eu vos amo. Viu, dona Gramática, que nós não estamos nesta frase que Jesus Cristo disse aos seus discípulos? E a senhora não reclamou!? Ah! Se Ruy Barbosa estivesse vivo! Quem nós, hoje, poderemos reclamar que a dona Gramática ficou muda! Por que não exige dos que não sabem nos usar!? Puxa a orelha dos que não sabem, quando usarmos e começarem a escrever depois de nós, escreva letra maiúscula ou minúscula, dona Gramática? Vamos lhe contar como escreveram os apedeutas, dona Gramática. Atenção. Não faça barulho. Diga-nos, onde a senhora estava, dona Gramática? Cadê, onde nos jogaram? A senhora é a única culpada. Nossos pais nos batizaram com o nome de Dois Pontos, mas, ao nos empregarem, nos jogam no lixo como se nós fôssemos sem nenhuma importância na literatura brasileira! É de doer a nossa cuca e não há doutor que nos cure. O pior é que o mundo todo ver a nossa ausência. Cadê Machado de Assis? Cadê Camões? Cadê padre Vieira? Ah! Se eles ainda fossem vivos, dona Gramática! Eles rasgariam sua roupa e deixariam nua e crua, no meio da rua, e ainda furariam os seus olhos como fizeram com Sansão. Mas nós existimos e há muita gente que nos amam, colocam-nos no nosso devido lugar. Lamentamos que as escolas de hoje lhe expulsaram, dona Gramática, e nós fomos juntos também. A senhora, dona Gramática, é que deveria ir reclamar na Academia de Letras e exigir deles, os Acadêmicos, a nossa presença nas escolas. O que nós mais lamentamos é que são formados e diplomados, mas... Ó meu Deus! Choramos lágrimas de tanta tristeza. Ficamos melancólicos, mais do que taciturnos; reclamar a quem! Olhamos para todos os lados e nós fomos substituídos por vírgulas e ponto. Mas nós até perdoamos, pois, os professores não têm dinheiro suficiente para comprarem, a senhora, Dona Gramática, poucos têm e usam nas salas de aula, pois ganham uma merreca que só dá mesmo para a despesa da casa. Não vamos mais reclamar a senhora, Dona Gramática, pois, as coisas aqui estão pretas. Colocam pretas nisto! Está é feio! Criaram um espaço democrático no Facebook e acabaram conosco. Puxa vida, meu Deus! Como nos maltratam tanto! E a Dona gramática ainda mais. Que vergonha nós termos nascido depois de Ruy Barbosa! Aquela cabeça grande era sinal de inteligência e até hoje ele é famoso em dizer: Pouco se me dá que a onagra claudique o que me apetece é cicatá-la. (Sic). Sou poliglota, mas falo a mesma língua, e por isto estou à míngua, pois não sei falar nem escrever esta língua complicada: O Português.

Abraço dos irmãos Dois Pontos.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 06/08/2019
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