O acidente com o fio da construção.

O acidente com o fio da construção.

Ninguém podia sacar dinheiro, pois o caixa eletrônico estava dormindo. As lojas não podiam vender, pois a maquineta também estava descansando. O ouvinte não podia ouvir sua música, porque a rádio resolveu ficar em silêncio. A dona de casa não podia passar roupa, pois seu ferro se recusava esquentar.

Naquele dia, a tv escureceu e seu José ficou sem o jornal. O e-mail que a secretária enviou não pôde chegar ao seu destino, pois o computador também não queria ligar. As redes sociais ficaram desertas, pois a bateria do celular também entrou de greve.

As crianças não conseguiam jogar no tablet, pois ele também não funcionava. As velas, “o bom dia” o “boa tarde” e a conversa com o vizinho foram tirados da gaveta. O dominó e a corda de pular também. A bicicleta saiu da garagem. O caderno teve seu momento, sendo usado pela primeira vez depois de anos vendo o bloco de notas digital fazendo sua função. O livro empoeirado saiu da estante. O menino de recados voltou andar pelas ruas. A telefonista tirou a tarde de folga. Naquele momento, as coisas voltaram à sua simples origem. E do nada, como num passe de mágica, puff! Tudo clareou novamente. O bom dia e o boa tarde foram guardados novamente na gaveta. O livro voltou a ficar empoeirado na estante. A caneta foi largada em algum lugar e as velas esquecidas na despensa.

O tempo, como se fosse movido à velocidade da luz, voltou a passar depressa. O relógio, com sua bateria carregada, começou a correr como se se preparasse para um campeonato. Os vizinhos pararam de se encontrar. O pai, a mãe e o filho voltaram a não conversar. E a vida voltou ao seu frenético ritmo normal, e eu aqui escrevendo... ops! Tenho que ir, alguém me chama no whats.

Renata de Oliveira Almeida

Reh Almeida
Enviado por Reh Almeida em 06/08/2019
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