SOCORRO AOS VAQUEIROS SERTANEJOS!
SOCORRO AOS VAQUEIROS SERTANEJOS!
*Rangel Alves da Costa
Andei sabendo que o Parque de Vaquejada União Santa Fé vem passando por problemas, principalmente financeiros. Mas, como dito, nada posso confirmar, eis que apenas ouvi comentários. E fiquei preocupado.
Contudo, uma coisa é certa: jamais haverá gestão, por mais primorosa que seja, quando as despesas são mais altas que as receitas. Quer dizer, quando os recursos de manutenção e funcionamento vão escasseando, a tendência é que aos poucos tudo vá perdendo sua grandeza e deteriorando.
E, como se sabe, as receitas da Santa Fé são poucas, oriundas basicamente da ajuda de um ou de outro abnegado, vez que as contribuições dos sócios são pequenas e escassas. Por mais baixo que seja o valor da contribuição mensal, ainda assim muitos deixam de colaborar com aquilo que estão usufruindo.
Em Poço Redondo há vaqueiro demais para o reduzido número de contribuições. E fica uma situação difícil para a diretoria negar acesso ao grande número de vaqueiros que ali chegam para o esporte sertanejo cheirando a cavalo e boi. Há de se reconhecer também o fato de que a maioria dos praticantes seja de poucos ou reduzidos recursos, ainda que gaste o que praticamente não tem para manter seu cavalo, seu terno de couro, seu aparato bonito.
E vaquejada, pega-de-boi, cavalgada, tudo possui carestia. Vaqueiro há cujo cavalo passa melhor que o próprio dono. Por outro lado, eu conheço parte da diretoria da Associação dos Vaqueiros e daqueles que mais de perto cuidam do Parque Santa Fé e sei muito bem quanto esforço há para que tudo funcione da melhor maneira possível.
Sei do quanto se deseja ampliar os espaços, proporcionar maior comodidade a conchego aos vaqueiros e visitantes, transformar, enfim, aquele espaço numa grande e bela arena para as festanças vaqueiras. Mas não é fácil. E nada será conseguido ainda que todos os sócios pontualmente contribuam, pois os valores arrecadados seriam inferiores ao necessário ao alavancamento dos projetos maiores.
O que fazer, então? Ora, Poço Redondo é conhecida e reconhecida como a Capital Brasileira da Cultura do Cangaço e da Vaquejada. E é fato incontestável a grandeza da cultura vaqueira nesta região sertaneja. E por ser cultura, por ser história, por ser tradição, por gerar turismo e renda, e por se traduzir em importante visibilidade ao município, nada mais justo que se pensasse numa política de permanente apoio à vaquejada.
Tal política teria que ser governamental, no âmbito municipal e estadual, através da criação de órgão especial de controle e fiscalização, de modo que mensalmente uma verba fosse destinada para: ampliação, melhoria e manutenção dos parques de vaquejada, apoio aos eventos programados e ampla divulgação. Somente assim as tradições vaqueiras estariam asseguradas para esta e as futuras gerações. E Poço Redondo, para fazer sempre jus ao reconhecimento de ser capital da cultura da vaquejada, terá que contribuir - e muito - para que as tradições não entrem em retrocesso ou sejam inviabilizadas por falta de apoio.
Atualmente, a cultura do bordado, por exemplo, vive à cata de projetos que viabilize sua prática, sob pena de extinção das almofadas de bilros e das mãos que vão fazendo os trançados com maestria. Precisa-se, pois, buscar soluções imediatas para alavancar ainda mais esse gosto e esse prazer do homem simples, do homem do mato e da cidade, daquele abnegado pelo cavalo e boi.
Quem estiver ou chegar a Poço Redondo - e praticamente todos os dias - haverá sempre de avistar a vaqueirama surgindo de canto a outro. São jovens, até meninotes, garbosamente encourados, e sempre cheios de orgulho e felicidade, em direção aos afastados da cidade. Geralmente cruzam a cidade em direção ao Parque União Santa Fé, o templo maior da vaqueirama sertaneja. E que coisa mais bonita de avistar: o sertão sendo sertanejo e a cultura vaqueira enraizada em cada um. Contudo, precisamos enriquecer e valorizar ainda mais tão preciosa tradição.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com