Palavra Solta - devaneios de poeta
Palavra Solta - devaneios de poeta
*Rangel Alves da Costa
A poesia é um devaneio e o poeta um insano de desejada ilusão. Além de ser fingidor, como bem diz outro bardo, o poeta verdadeiramente é um ser de quimeras, de fantasias, de sonhos e alucinações. Será que o amor existe, senhor poeta? Será que amor tão doce, melodioso, como pétala de flor, realmente existe? Os versos de amor são construções ilusórias, senhor poeta. Eu, por exemplo, toda vez que me meto a poeta e escrevo sobre o amor, a paixão, o doce encanto dos apaixonados, sei que estou mentindo. Será, senhor poeta, que vale a pena construir um amor que não se sustenta na vida real? Será, senhor poeta, que vale a pena dizer da beleza do amor quando tudo é negado na relação entre dois? Poesias aflitivas, de dor, de perdas e sofrimentos, de adeuses e despedidas, estas sim, estas podem espelhar verdades. Mas de amor não. Basta fingir o amor, senhor poeta? Mas como dizer sua verdade se o amor não existe mais? O amor morreu, senhor poeta. Mataram o amor, senhor poeta. A poesia não tem o dom de ressuscitá-lo. Tudo é fingimento, é ilusão, é quimera.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com