DESNUDO

Aquele homem estava nú.

Fragilizado, com vergonha e angustiado.

Com medo das consequências daquela nudez.

Quem o viu assim?

Quem o verá?

Para onde ir, pois há o risco de mais expectadores.

Fugir... Pra onde?

Talvez para o lugar onde tudo havia começado e de lá recomeçar. O que não podia era continuar como estava e não digo o nú em si mas, acusado e querendo nos enganar com folhas e plantas, encobrindo apenas o superficial.

- Recomponha-se para continuar! - ouviu sem saber de onde.

Não seja como aquele rei* que andava nú e subestimava a inteligência dos súditos. Embebido em sua arrogância, acreditou que só os inteligentes enxergariam sua maravilhosa roupa feita por fios especiais.

Prepotente! Deixou-se enganar pela soberba e vanglória.

Nem tampouco se assemelhe a Adão, que não era rei - mas, reinaria senão a sua omissão e desobediência - e talvez você também não seja mas, querer se esconder de Deus!

Erro crasso!

Aquele homem ao perceber a ausência de roupas já estava despida a inocência da sua alma. E quem o acusava se não a vergonha e o medo.

Então refletiu:

"Que bom seria se o estar nú não me trouxesse acusação. De certo estaria vivendo as benesses do paraíso. No entanto, como me recompor da alma desnuda e não despila novamente? Dar um novo começo e ressignificar."

As evoluções nos remetem a inflexões. Evoluiu:

"Acusar o golpe e pedir clemência; reconhecer minha fraqueza com humildade e coração contrito. Buscar a verdade e encontrar consolo."

A luz da revelação recebida aprumou o leme e encontrou direção no humilde regresso.

Entendeu que a inocência de um menino desmascarou aquele rei e que ninguém pode se esconder de Deus!

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*menção ao espetacular e didático conto de fadas Dinamarquês chamado "A roupa nova do rei".