Palavra Solta – preconceito em tudo e por todo lugar
Palavra Solta – preconceito em tudo e por todo lugar
*Rangel Alves da Costa
O preconceito possui existência mais forte do que imagina nossa vã filosofia, como diria o poeta. E é mais forte e mais presente do que qualquer um tenha coragem de expressar. Diz-se muito do preconceito de raça e de credo. O evangélico tem aversão ao católico, o católico sente repulsa ao umbandista, o ateu execra todas as religiões, apenas para servir de exemplo. O negro é evitado pelo branco, o branco é negado pelo negro. Alongando a exemplificação, não raro que rico não goste de pobre, moradores de áreas nobres não gostem de favelados, vaidosos e egoístas não gostem da humildade e da simplicidade. E mais um rol infinito de situações onde o preconceito é percebido, ainda que não totalmente visível. Contudo, o que dizer do preconceito no olhar, na palavra dissimulada, no forçado convívio social? O que dizer da ação supostamente despretensiosa, mas que carrega em si forte dose de desfazimento do outro? O que dizer das relações que se dão entre forças superiores e inferiores, onde os níveis ou classes sociais pontuam as formas de tratamento? O que dizer das amizades baseadas na pretensão de um sobre outro, onde o menos favorecido economicamente é visto como servil? E não há lei que iniba tal realidade. O preconceito é algo cultural. Existe por existir. E pronto.
Escritor
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