O LAMA SURYA DAS.

“Se não se agarrar a nada você pode enfrentar qualquer coisa”. Lama Surya Das.

O Lama Surya Das é americano do norte de nascimento, originado da crença judaica, tendo aos dezenove anos feito a opção por aprender mais ao invés de ganhar mais, e de ser um outro “estagiário dos ternos cinzentos aflanelados” dos grandes escritórios de advocacia de Nova York.

Percorreu a Europa atrás do “darma”, sua verdade, a fugir do “samsara”, o sofrimento humano das indagações sem respostas, que se repete no vaguear reiterado e pobre de busca interior.

Encontrou seu “darma” no Tibete. É hoje um respeitável Lama que ensina a arte de encontrar respostas no mundo comum, mesmo habitando os grandes centros. Não se necessita estar no alto das cordilheiras do Himalaia para chegar à verdade, ela habita nossa sinceridade com nós mesmos. Já conheci alguns “buscadores” procurando seu epicentro espiritual em Taquara, notável centro budista próximo à maravilhosa e turística Gramado, cidade carismática do Rio Grande do Sul.

Em palavras e conceitos ocidentais, “samsara” seria a busca da realização e satisfação nos lugares errados. É de perguntar, quantas vezes perdemos precioso tempo “em lugares errados” em conversas sem nenhum enriquecimento interior, ao revés, quando poderíamos estar mergulhados em questões de vulto. Por vezes e isto é corriqueiro, conversamos com pessoas sem mínima visão de humildade ou de humanismo, que contaminam pela só presença em afirmações do eu sou e eu faço, ou mesmo transmitem energias negativas nessa direção. São muitos que têm essa negatividade pelo simples fato de serem negativos em suas vidas, envolvidas em desencontros e frustrações, semeadas em seu espaço de atuação.

As mentes “buscadoras” que fazem da busca escola, devem ensinar e orientar os que disso necessitam e “buscam”, mas devem evitar os que se desviam do epicentro espiritual.

Uma mente buscadora, “meditativa”, é como diamante nas escrituras do budismo, corta qualquer substância, mas não pode ser cortada. É a sabedoria do budismo “maaina”.

A mente livre e desperta tem a limpa visão do diamante que tudo corta sem poder ser cortado, é o corte afiado da compreensão e de sabedoria perspicaz. Vê tudo exatamente como é. Mantém a humildade, mas recusa o silêncio que não explica, e tudo explica porque tudo vê.

Perguntas devem se alinhar para a verdadeira sabedoria. “Podemos ver o mundo como ele é na realidade? Somos escravos de nossas fantasias? Gastamos tempo demais em estados mentais confusos, abrindo mão de nossa plena consciência? Meu centro de pensamento foge de meu controle por interferência de agentes externos em algum momento? Estragamos nossas vidas porque não conseguimos processar a realidade como ela verdadeiramente acontece. Inventamos histórias para nossas vidas e dizemos aquilo que queremos ouvir. Ao fazer isto criamos e perpetuamos fantasias.”

São perguntas feitas por Surya Das, o iluminado Lama que hoje ensina aos homens comuns em Nova York, pessoas distantes da necessária espiritualidade, o que torna o comum dos homens, um pobre objeto de seus pobres desejos; posses e fama. Correm como crianças em busca de brinquedos, e quando conseguem abandonam.

É a insatisfação material, a matéria nada é e nada vale, é passageira e não nos pertence, só o espírito nos pertence, dele precisamos cuidar.

As pessoas vestidas de sabedoria “não têm dificuldade de compreensão, conseguem ter discernimento em quase todas as áreas da vida, e não apenas em algum assunto estrito ou especializado”, afirma Lama Surya Das, e continua na excelência de sua iluminação, singela como a virtude: “Uma outra forma de sabedoria – gnose, transcendência, a sábia ausência de egoísmo – habita em nós de forma inata."

É essa forma inata que muitos recusam e que devemos cultivar para chegar à verdade, ao Darma.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 09/06/2019
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