Sobre o cotidiano
Guardou com calma seu material, pendurou a bolsa e saiu. Abriu o fusca, jogou a bolsa no banco do carona, começou a chover. Ligou o carro e saiu da faculdade.
Ligou o toca fitas. Escutava Coração Selvagem do Belchior. Estava livre tudo que queria era um banho, jantar e terminar seu livro. O primeiro desafio veio logo que saiu da faculdade. O que é preparação da aula, debates sobre literatura e dissertações sobre Machado de Assis perto do trânsito caótico do Rio de Janeiro? Coçou o cavanhaque e pensou “Com certeza o trânsito de São Paulo é pior”.
As favas com o São Paulo morava no Rio e gostava daquela cidade. Suportou 1 hora de tráfego, Belchior, Milton Nascimento e Alceu Valença o ajudou na distração.
Ficou parado na rua Voluntários da pátria, faltava apenas 5 minutos e estaria livre do trânsito, a chuva batia no vidro, suspirou e pensou “Não tem como ficar ruim”
Olhou distraído pro carro vizinho um Honda civic No volante uma mãe estressada, no banco do carona um pai virado pra trás berrando ( pelos gestos e caretas era o que se deduzia) com três crianças que brigavam entre si. Olhei pro sinal verde, pros outros carros parados, prestei atenção na letra de Flávio Venturini “E lá se vai mais um dia..” sorri e fiquei quieto.
Tamborilei, cantando junto com o cantor e aproveitei o momento.
O melhor era não reclamar, esperar com paciência porque sempre tem alguém com problemas maiores que o nosso.