Palavra Solta - sem ilusões

Palavra Solta - sem ilusões

*Rangel Alves da Costa

Melhor viver sem ilusões. O banco é branco, o vermelho é vermelho, o negro é negro. Nada de fingir que o sal é doce ou que a melancia da em pé de mangueira. O mar é no mar, a terra é na terra. Se só posso comer uma farofa de ovo, então que seja a melhor farofa. Não vou dizer a ninguém que me fartei de ostras e camarões. Como não posso fugir da solidão, vez que ela é quem me deixa viver ao lado dela, então não há outro jeito de não ser sua amiga. Ora, se Nietzsche me diz tanta verdade, por que chamá-lo de pessimista? O mundo é pessimista, o homem é pessimista, e Nietzsche apenas mostra suas entranhas. Só aceito ficção por que sei que é ficção, mas sem lágrimas ou sofrimentos. Se a pele sangre é porque foi ferida. Nunca duvidei que a ponta do punhal fura, corta, sangra, faz doer. Quando ela me disse que me amava, apenas disfarcei que acreditava, mas apenas por uma questão de insistência do coração. Quando ela disse não, então eu ouvi apenas o que já esperava. Tudo é assim. O ser humano se engana por desejo próprio. Vive de ilusões para alimentar suas fraquezas. E fraqueja mais ainda. Acostuma com o nada e finge a felicidade.

Escritor

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