Dança Contemporânea

Um corpo quase nu na escuridão a se mover no teatro me chamou a atenção. Era um dança moderna a me fazer deleitar com cada passo dedilhado no solo brilhoso que refletia a beleza invertida da arte.

Os movimentos dos braços alongados no ritmo da canção a comandar os passos delicados que não se repetiam era o código de uma mensagem a ser decifrada pelos que os assistem.

A gentileza do dançar estava a me encantar a cada instante e meus olhos lacrimaram levemente quando a última nota musical se encerrou no tempo exato da plantada dos borrados pés descalços e este momento epifânico me fez passar a observar o mundo dançar através das plantas, dos animais, dos objetos comandados pelo vento e até mesmo pela força do meu pensamento.

A dança contemporânea é como um poema que sua análise semiótica leva ao mundo das diversas interpretações ao ver a um corpo quase despido a se mover sobre um espelho maciço.

E graças à vanguarda americana, uma dama do século passado nos ensinou a dança contemporânea, portanto, nossas academias e universidades se renderam a esta arte.

Digo, pois, que não importa o espaço onde o corpo esteja a flutuar, pois haverá beleza sobre uma passarela de pedestre, sob um viaduto, na ressacada, na laje da favela, numa praça abandonada e em outros locais mais. O som da natureza dará o ritmo ao fenômeno que é transformar o lugar.

Poderia então intertextualizar um frase de Mário Quintana ao invertê-la a dizer:

"Não sei fazer um poema. A minha maneira de escrever é dançar".

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 16/05/2019
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