Episódio 25 - Minha vida em Brasília: Dos 7 aos14 anos eu senti muita falta do dia a dia com a minha mãe. Ela mesma optou por sacrificar essa convivência ao enviar-nos para as casas de parentes, quando morávamos na fazenda. Queria todos os filhos estudando. Para ela era inadimissível ter um filho fora da escola. Aos19 anos, novamente eu me separei dela para morar em Brasília. Portanto, estarmos agora a 100 metros de distância uma da outra era a oportunidade de ouro, que viria compensar todas as lacunas deixadas. Minha mãe era uma mulher nobre, evoluída, humilde e tímida. Suas características eram expressas pela educação com que se portava em relação a quaisquer pessoas e situações. Lia jornais e revistas, era viciada em palavras cruzadas, ouvia rádio, cuidava da casa e das finanças da família, acompanhava os ditames da moda. Mas falava pouco e não nos impunha as regras rígidas que o papai ditava. Era caseira, não gostava de sair porque sentia dores nas pernas e outras manifestações negativas de saúde. Quando recebia novas visitas, demonstrava um certa timidez, mas se desdobrava para servir-lhes a melhor comida e a melhor bebida que podia, e tentava convencê-las a ficar mais um pouco. Ali tão pertinho,eu podia ir vê-la sempre.Conversávamos, fazíamos palavras cruzadas juntas, trocavámos receitas, ela costurava e consertava nossas roupas e paparicava a neta, que se aproveitava da convivência gostosa com a avó.