Analfabetismo político
É triste ser analfabeta política!
Por mais que tente montar uma linha lógica do que está acontecendo para, no mínimo, me manter um pouco tranquila com as mudanças impostas pelo novo governo, não consigo.
No caso da Previdência, tento me concentrar nas falas do sr. Presidente, homem íntegro e inteligente e que diz que não gostaria de fazer a mudança. Se não gostaria de fazer é porque sabe que não vai ser bom para o povão, mas vai fazer porque vai ser bom para os grandes economistas, bancos, etc e tal. Acho que é isso.
Também me pergunto, agora como aposentada: se a situação da previdência está tão ruim, como ficará minha aposentadoria, mais que merecida, já que contribui durante mais de quarenta anos de trabalho? E ainda: onde foi parar meu dinheirinho suado, descontado mês a mês? Ah, isso acho que sei um pouquinho, foi pra pagar salários de militares, gente do judiciário e politiqueiros, tipo ele, o sr. Presidente que foi militar e deputado. Acho que é isso.
Parece que é porque o dinheiro que seria para a Previdência vai para um caixa único e de lá sai para onde os “donos” das finanças públicas bem entendem. Acho que é isso.
Sobre os cortes de 30% (me lembram as trinta moedas de Judas), que em alguns casos ultrapassam este percentual, meu analfabetismo está na questão da educação, já que o corte na saúde ultrapassa meu analfabetismo e bate direto na minha alma, pois trata-se de vidas. Já a segurança está nas mãos de Sérgio Moro, então tudo certo, pois ele é o cara, escolhido a dedo pelo sr. Presidente. Bem, voltando à educação, vi que o impacto maior foi nas universidades e institutos técnicos federais. Tentando sair um pouco do analfabetismo, puxando pelas ideias mesmo: quem mais frequenta as universidades públicas federais? Sempre ouvi falar que para passar no vestibular nessas instituições, tem que estar muito preparado, tipo: estudar em escolas particulares de ponta, colégios militares e, por vezes, ainda frequentar cursinhos pré-vestibulares. Claro que um aluno de escola pública pode passar no vestibular, mas tem que ser muito inteligente. Ah, esqueci que agora tem as benditas cotas. Hummm, isso pode trazer muito prejuízo ao estado.
Não vou falar aqui sobre as manifestações que tenho visto, tipo: estudantes das universidades andando nus, vendendo drogas, desvios de verbas, etc e tal, pelo simples fato de que a podridão humana existe em todos os segmentos da sociedade e entendo que isso não serve de justificativa para acabar com o ensino público, com esses locais de onde saem médicos, enfermeiros, engenheiros, biólogos, cientistas e todas as outras formações técnicas e das ciências humanas. Mas isso é só o parecer de uma analfabeta política, desculpem aí!
Mas o que meu analfabetismo político não consegue entender mesmo, mesmo, mesmo é: como a reforma da Previdência, assim que aprovada, vai resolver, como num passe de mágica, imediatamente, todos os problemas financeiros, do meu Brasil Varonil? Sim, os financeiros, porque os dos três poderes, em si ah, esses vão continuar de boa na lagoa, isso até meu analfabetismo sabe.
Eis que, como se não bastassem todas as questões acima relatadas, ainda tenho que tentar desvendar como pode um único presidente ter tantos viés ideológicos, logo o nosso que disse que tinha que acabar com as ideologias. De um lado os militares, de outro o tal Olavo, os filhotinhos de quem o sr. Presidente tanto se orgulha e ainda o Trump. Ainda bem que a primeira dama, parece, que só manda em casa mesmo. Acho que é isso.
Fico aqui pensando que meu analfabetismo político se estende a tantas outras questões – uso de agrotóxicos de forma indiscriminada, entrega de nossas florestas e demais riquezas naturais para exploração estrangeira, retirada de controles de velocidade das estradas para que os motoristas voltem a ter prazer em dirigir ( nas belas estradas que se tem), volta do armamento para que o cidadão de bem se sinta protegido dentro de sua casa (do lado de fora...). Ah, meu analfabetismo político só está querendo ter esperança de se tornar esclarecido, de sair do obscurantismo, de acreditar que pode dar certo e que vou viver para ver o povão, do qual faço parte, feliz, fazendo sinal de positivo com o dedo polegar, ou o V de VITÓRIA, com os dedos indicador e médio. É só o quero!