Palavra Solta - Jaqueline

Palavra Solta - Jaqueline

*Rangel Alves da Costa

Ontem, pelas ruas de Poço Redondo, eu encontrei Jaqueline. Todo mundo encontra Jaqueline pelas ruas de Poço Redondo. Surge de lado ou de outro, debaixo do sol ou do tempo chuvoso, para se aproximar e pedir um refrigerante, para querer vintém, para ter um trocado na mão. De pouca palavra é Jaqueline, mas de olhar forte, de feição com morenice singela e cabelos sempre bem baixinhos. Crê que todos são seus amigos, pois chega, senta e silenciosamente permanece, talvez esperando que o seu refrigerante logo chegue. Por isso mesmo que todo Poço Redondo conhece Jaqueline. Uma moça-menina, uma mulher-criança, na inocência do mundo e no distanciamento da outra realidade existente. Para Jaqueline, na altura de seu estado mental, o que mais interessa é o refrigerante, é a moeda na mão, é caminhar por aí, é andar pelos sombreados e abrasamentos de Poço Redondo. Hoje eu vi Jaqueline. Jaqueline estava com amigos. Todo mundo é amigo de Jaqueline.

Escritor

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