Sobre o Silêncio das Goiabeiras.

Quando criança sempre ouvi dos mais velhos aquele igualmente velho ditado:

"Não mexa com quem está quieto".

E aprendi isso da pior maneira, ou seja, na prática, como quase tudo até hoje, como sempre.

Um dia, em meados de 1989, após uma daquelas intermináveis partidas de futebol na extinta quadra da cadeia pública municipal, fui encher o saco do Batatinha (Rogério Rogerio Pinheiro Silva), então menor e dois anos mais novo que eu. Apenas reclamei de um lance em que achei que a melhor jogada seria me passar a bola para o arremate final (obs. tenho computados 16.227 gols na minha curta carreira de jogador de rua - entre 1985 a 1991), e o Batatinha, um jogador silente, determinado e eficaz, até pujante, pode-se dizer, camisa 5 de respeito, nem respondeu, só me olhou nos olhos com uma expressão furibunda e num instinto e brusco instante, me soltou um cruzado direito no nariz. Por sorte nem sangrou. Lembra disso, Rogério? Depois do jogo, exaustos, ainda comemos aquelas goiabas que brotavam nas laterais dos muros da quadra, sentados na calçada de terra. E rímos às gargalhadas... quase mortos de cansaço... , catando timbetes grudados nas meias... Lembra-te?

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 26/04/2019
Reeditado em 26/04/2019
Código do texto: T6632579
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