Imagine...

Por mim, as pizzas seriam muito mais finas e chegariam quentinhas à minha casa. Os restaurantes teriam movimento e a gente poderia ir a um japonês de vez em quando. Os camarões seriam todos cozidos no ponto do Bate Coração, nunca fervidos demais, duros. Teríamos um restaurante italiano decente, um restaurante português exemplar. O mercado público seria um ponto turístico, com maravilhosos peixes grelhados e frutos do mar. Acharíamos rúcula e cogumelos frescos diariamente no supermercado. Isso para ficar no terreno da gastronomia.

Já no trânsito, os motoristas, todos, andariam pela avenida, asfaltada, devagar, pela direita, e usariam a esquerda apenas para ultrapassar. Seriam todos gentis e educados, não atropelariam os pedestres nem de brincadeira, respeitando as faixas de segurança. Dariam lugar para as ambulâncias na estrada. Não desenvolveriam altas velocidades dentro da cidade. Não parariam em mão dupla, na hora de movimento, ou fora dela, sobretudo nas ruas estreitas, trancando o trânsito, como se tivessem em seus direitos. É claro, não passariam o sinal vermelho e quando desavisadamente o fizessem, compreenderiam a indignação dos que reclamassem deles, não querendo, além de estar errados, usar da prepotência do “com quem tu pensa que tu tá falando!?”. Aliás, o transporte coletivo seria tão bom, confortável, pontual e limpo, que os carros diminuiriam nas ruas, diminuindo a poluição.

O ar seria puro e limpo. Não federia, nem de vez em quando.

As crianças estariam nas escolas e não pedindo esmolas, sendo ensinadas por professores satisfeitos e bem pagos, que se preocupariam em primeiro lugar com a Educação e não com a sobrevivência, que estaria garantida pelo Estado.

Não haveria casas emparedadas e apodrecendo, enquanto pessoas não têm teto. As pessoas não morariam em casebres de lata e não passariam fome.

E passeariam nas ruas com segurança, porque haveria guardas nas ruas! As calçadas seriam bem pavimentadas e ninguém torceria os pés ou arriscaria cair em buracos. As praças seriam tão bem cuidadas, lindas e bem iluminadas, que dariam gosto de se ficar lagarteando ao sol. A televisão teria que reformular sua programação, porque as pessoas seriam mais felizes convivendo com as outras do que defronte ao aparelho. E andariam mais de bicicleta, em vias apropriadas para elas, já que a cidade é plana. E pescariam mais no porto velho, porque isso seria incentivado.

As famílias teriam poucos filhos, porque compreenderiam que o Planeta não agüenta mais tanta gente e que nenhum governo poderá resolver o problema da alimentação se a taxa de crescimento populacional continuar desse jeito.

Desenvolver-se-ia a solidariedade. Ninguém teria vergonha de ser chamado de trouxa ou ingênuo por confiar e acreditar em outros.

As pessoas acreditariam mais em si próprias, com autoestima elevada, e não acreditariam que os governos deveriam fazer tudo por elas ou que elas seriam muito pequenas para mudar as coisas.

Deve ter faltado alguma coisa... (que o leitor complemente...)