As Coincidências e Sincronicidades na Minha/Nossa Vida! Texto de Leiteiro
AS COINCIDÊNCIAS E SINCRONICIDADES NA MINHA/NOSSA VIDA!
Para que as Coincidências começassem a dar certo na minha vida, foi preciso que meu "pai" João Palmas, mudasse nosso nome, de Sérgio e Celso, para Renato e Cincinato Palmas, e aproveitando o embalo mudou o de minha mãe, acrescentando MARIA ao aPOLÔNIA de Morais. Fê-lo pois pretendia nos separar de nossa mãe sem que ela soubesse. E aos 8 anos de idade saimos sozinhos do Rio de Janeiro, sob a responsabilidade do desconhecido motorista do ônibus para Rio Negro no Paraná, lá outro desconhecido motorista nos levou até a casa de nossa tia.
Nasci no Antigo Estado da Guanabara, mais conhecido como Baía da Guanabara, no bairro de Copacabana, (na verdade nascemos num hospital quase sempre em outro bairro, mas sempre negamos esse fato) na Ladeira dos Tabajaras, Morro dos Cabritos.
Chamo atenção para a coincidência de tantos nomes indígenas, indicarem minha provável vinda para a região Norte!
Vejamos: Copacabana,nome indígena; Tabajaras, idem; Rio Negro, PARAná. De Rio Negro fomos estudar em Santa Catarina, no Alto PARAguaçu, município de ITAiópolis.
Reafirmando as Coincidências ou Sincronicidades faço minha as palavras da enciclopédia ambulante, o cambojano Dr. Egeu Laus, cujo pai se acreditasse em coincidência, batizaria-o de oMar Egeu!
"Só pra situar: Alto Paraguaçu fica no município de Itaiópolis, norte de Santa Catarina, na divisa com o Paraná. Itaiópolis antes das demarcações nos primeiros anos do século, ficava no Estado do Paraná. Passou depois a fazer parte do Município de Mafra, antes de se tornar independente".
Mesmo indo para Santa Catarina, ainda estava no PARAná!
Esta fase ocorreu entre 1960 e 1965 quando voltei novamente para o Rio de Janeiro, ficando até 1983, vindo parar no PARÁ!
No Pará, fui para um lugarejo chamado ITAporanga, municipio de Vigia, três anos depois fui morar em Arapiranga, bairro de Vigia, e dai vim para Cidade Nova, municipio de Anannindeua.
As Coincidências forçadas: Meu irmão apesar de participar de 50% delas, diz que minhas coincidências são forçadas por mim. Eu não mudo minhas convicções, mas coloco este texto aqui, apenas como entretenimento curioso. Na verdade minhas coincidências são maiores, quando entro na parte Capoeira.
Começarei a História desde o Ínicio:
No final da Rua Siqueira Campos, morava uma bondosa velhinha de nome MARIA das Graças, de cuja varanda via uma das subidas do nosso morro, e o imenso sacrifício de minha mãe, com 2 filhos nos braços ( nosso "pai" nos abandonou com 3 meses) e as compras, escalar diáriamente aquela íngreme subida.
Penalisada passou a esperar na varanda, e quando via minha mãe, chamava, nos recebia na sua casa, dava dinheiro para nós, e comida para a mãe fazer, e assim foi por anos a fio. Na vinda para o Pará, (25 anos depois) fomos nos despedir, ela já velhinha, nos recebeu em casa. Levei um susto, eram dezenas de kilos de comida, em cima e embaixo da cama, geladeira entupida.
Fiquei com pena da empregada, vendo tanta comida se estragando. Da varanda de sua casa, vendo por anos a fio, tanta miséria escalando com magras pernas, a esperança de outro dia melhor, ( no morro todas as noites são ruins) temeu a fome, tornou-se paranóia.
Pulo para o Alto PARÁguaçu, não sem antes explicar que:
Li em Machado de Assis que a india PARÁ (Rio) Guaçu (grande) viu o português CARA (peixe) Muru (gosmento, por causa da roupa de couro molhada parecendo barro?) Guaçu (grande) saindo do rio, saiu gritando: Caramuru Guaçu!
Já em Alto Paraguaçu, fui estudar na Escolas Reunidas São João Batista, ao lado da maior Igreja da América Latina construida pelos POLONESES, a Igreja de Santo Estanislaw.
Estes 2 textos aí embaixo, fazem parte apenas de raspão das Coincidências!
Antes de viajar para o Paraná, com uns 8 anos de idade, vivíamos "presos" em casa, já que a mãe trabalhava, e não podia deixar-nos na rua ao nosso bel-prazer. Era ela sair pela porta, nós voavamos pela janela, e ai era: rá-ré-ri-ró-rua, o dia todo, sempre de olho na pista, pra ver se não vinha o carro da RP, Radio Patrulha.
Era só avistá-lo, e mergulhar em desabalada carreira, por quaisquer dos caminhos que saem da rua em meio aos barracos. Verdadeiros labirintos, quem entrar correndo num, sem saber aonde esta indo, pode terminar no cemitério.
Naquele tempo, a Polícia não subia o morro pra fazer reféns, e oque o bandido mais temia, não era a Policia, mas sim a fama. Bandido famoso não durava muito. Dia vai, dia vem, eis que uma pipa, pandorga, papagaio, rabiola ou que outro nome tenha, papéis voadores controlados por uma linha, nos levou bem mais longe do nosso beco do que devia, e distraídos não vimos a RP chegar.
Fomos presos, enfiados na jaula metálica, e levados para um lugar chamado SAM, que nunca soube oque significava, mas que traduzo hoje para:
Serviço de Apavoramento de Menores.
A frente do prédio me lembro era de tijolos aparentes, lembrando aquelas construções londrinas, e lá dentro um pátio de 50x50, rodeado por um dormitório para uns 20 menores, um consultório dentário apesar de não ter visto um só atendimento, nos 3 meses em que lá ficamos. Depois uma super lavanderia, aí um pequeno pátio aonde tomavamos banho, com uma imensa cabine de avião, que caiu lá e não tiraram. Em seguida vinha um murro alto, com alguns buracos para ver-mos TV, cujo único programa, era vermos presos adultos tomando banho, ou sem fazer nada. O muro alto findava no nosso refeitório, que era separado dos adultos por uma grade de cadeia.
Assim, podíamos ver nosso futuro enquanto comíamos!
A noite, dormir antes dos outros nem pensar, e aí pude ver um pouco do que foi mostrado no filme Pixote, um urinando na boca de outro que dormia. Nos 3 meses, tempo permitido, que ficamos no SAM, não me lembro de ter conversado com ninguém.
Fomos transferido para um reformatório, com recepção gloriosa.
Eu, meu irmão e um outro, fomos colocados de frente para uns 15 moleques, enquanto um tipo Português de uns 50 anos, que provavelmente tinha sido laureado com louvor no DOI-CODI, nos vocifera a regra única:
É Proibido Urinar na Cama!
Outra noite mal dormida, e de manhã o 1º Show. Fomos perfilados no mesmo corredor da recepção, e dali podíamos ver, ele conferindo cama por cama, para ver se encontrava o desenho líquido de um mapa de qualquer Estado. De Sergipe, Espírito Santo e similares a surra era pequena, mas Amazonas e Pará, doía na nossa alma a dor do infeliz. Dormir nem pensar, noite vai, noite vem, e uma barulheira infernal de tampa de panela caindo na cozinha.
O nazista invade o dormitório e ordena:
Todo mundo pra fora!
A mesma fila de sempre bem de frente pra cozinha, o demonio vai, abre a porta e de lá sai o morto de fome. Pego pelo orelha, o capeta abre a tampa da lixeira que ficava ao lado da porta, e obriga o infeliz a comer 2 cascas de bananas, tira o cinto e repete o martírio.
Uma surra terrível!
Deus foi bom para nós, pois 2 semanas depois nossa mãe nos achou. A visita era só aos domingos, então na 1ª visita ela trouxe um bocado de frutas e biscoitos, que nos foi tomados assim que ela saiu. Neste local o espaço de "lazer" era menor, de 10x10, e havia num dos cantos um pé de Carambola, entupida delas, verde-amarelas, lindas, parecendo balõezinhos suspensos. Mesmo morrendo de fome, todos ficávamos torcendo, para elas adquerissem a côr Laranja-Podre, e aí podermos dar 2 mordidinhas nas "melhores partes"!
Um mês e meio depois estavamos fora deste Inferno!
Praia Vermelha:
Na vinda para o Rio de Janeiro, saindo de Rio Negro no Paraná, já com uns 15 anos e 2 semanas na estrada no caminhão do meu pai, (Ele quis economizar) chegamos a Praia Vermelha na Urca, no emprego da minha mãe, (Trabalhava para uma família de sobrenome B...) umas 11 da noite e para não incomodar, dormimos embaixo do caminhão. Recepção calorosa, sombra e água fresca garantidas, uma vista lindíssima do 13º e ultimo andar, do Apartamento aonde moravam!
De lá avistava-se um jardim bem cuidado, frente a pequena e singela praia, contrastando apenas os 2 prédios do Exército de arquitetura e côr baixo-astral. A familia B... era pai, mãe, filho uns 12 anos e filha uns 15. A vida era boa, de manhã, praia, futebol, praia, almoço.
De tarde, futebol, praia e jantar, depois passear até...No futebol ou na praia quando sentia sede ou fome, saía correndo, o AP a 300 metros, abria a geladeira e "dava de pau" nas frutas geladas, da feira feita aos Domingos para durar até sábado.
Escrevi para meu irmão em Rio Negro, e ele nada satisfeito com o tratamento da Tia. Disse-lhe do Paraíso aonde estava vivendo, que ele viesse o mais breve possível. Ele demorou, nesse meio tempo por causa de minhas lombrigas, a feira da semana acabava na 5ª feira, a relação com a família deteriorou, e e eles passaram a "esquecer" de deixar o dinheiro da carne, do ônibus dos filhos, etc, numa forma de compensação aceita pela minha mãe. O abre-e-fecha na geladeira tornou-se obcessão, forçando-os a uma medida drástica:
Me arrumaram um Asilo de Velhos pra morar!
Eu, o agora Renato, fui morar num asilo de velhos no Centro Espírita Allan Kardec, na Tijuca por uns 3 meses, aonde me tornei D´J das seções Espíritas! De cara a "parayba mulher macho sim senhor" que cuidava dos 15 velhinhos, não gostou de mim, nem eu dela, pra piorar os velhos jogavam 21 o dia inteiro, e eu não jogavam nem pedra na mangueira. Pior dia era as noites de sabado, na única TV pra meu azar no quarto dela, o Programa com 99% de audiência:
Tele-Catch!
Ela irradiando a luta, parecia estar parindo tamanha a gritaria:
Vai Verdugo e Pé-na-Cova, dá nêles Rasputin Barba Vermelha!
Seis da manhã eu já de pé, ia pra varanda olhar o movimento na rua, eis que certa manhã, surge ela : LEILA, levando seus dois irmãos, Henrique e provavelmente Maria. Se Cupido atira flechas, nas outras manhã virei São Sebastião, tornou-se obcessão tornar a vê-la, virou paixão, minha 2ª paixão com apenas 15 anos! ( A minha 1ª foi Elizabeth Wilrich em Alto Paraguaçu-SC) Foram 3 meses igual jacaré, e me livraram da tristeza de viver naquela masmorra. Nem o sapo beijado pela princesa, estava na posição ridícula de um maravilhoso jovem, morando num asilo de velhos!
Visitar minha mãe só aos domingos, mesmo assim valia a pena. A praia só existe por causa dos cariocas. Nos primeiros domingos do mês, minha mãe me dava um bom dinheiro, para que eu comprasse sabonete, pasta de dente e principalmente doces e biscoitos!
Comprava aos poucos de maneira que durava umas 2 semanas o dinheiro, e a Raimundona só de olho! Enquanto o tempo passava, eu escrevia ao meu irmão que viesse, até pra me fazer companhia, e nada de ele conseguir sair de lá! Até que no 3º mês a Raimundona inventou que eu estava roubando o dinheiro das ofertas, colocadas num barril com cadeado. Eu não a desmenti, pois não aguentava mais aquela chatice, e assim voltei para o Apartamento na Praia Vermelha!
De surpresa meu irmão chega, sorte nossa ninguém da família em casa, ih agora? Não podíamos manter a porta do quarto da empregada fechada, pois eles poderiam estranhar, assim o jeito foi um ficar preso dentro do guarda roupa, enquanto o outro circulava. No meio de semana era facíl, a família saía de manhã, e o filhos só voltavam de tarde, mas no sábado e domingo, fazíamos revezamento!
Apesar de nossa personalidade ser bem diferente, por sermos gêmeos idênticos, deu pra enganá-los por umas 2 semanas, até que eles descobriram a patifaria. O problema foi que "as Filhas das FRUTAS" agora acabavam na 3ª feira! Descobertos, sustentar 2 lombriguentos, nem pensar, apesar de minha mãe já estar gastando todo o salário com os "esquecimentos", a solução achada foi:
Rá-ré-ri-ró-RUA!
Voltamos para o barraco, e Deus manda o teste definitivo:
Um Dilúvio (1966) que derrubou só no nosso morro uns 15 barracos, incluindo o nosso. Aí fomos morar nas lojas vazias do Shoping Center da Rua Siqueira Campos nº 143, ficando expostos como aves raras aos passantes por uns 3 meses!
Me sentia um zangão naquela pobre colméia, ai lembrei-me de que meu "pai" tinha me dado um endereço de um amigo motorista, para contato em uma emergência. Ficava no Flamengo na AV. Rui Barbosa nº tal Apto.tal. Subi e de cara tomo um susto, da sacada do prédio saía uma ponte, que ligava-o a um morro escondido pela muralha de edifícios! Ou seja:
Eles tinham um morro particular, só para eles!
Eu estava diante do futuro do nosso morro. Minha mãe chegou na rua Euclides da Rocha 17 Morro dos Cabritos, em 1950 por aí, e esse lugar já tinha dono, ela teve de pagar aluguel pelo espaço aonde fez o barraco, mas em 1980 a Companhia Pires Santos se apresentou como dona, sabe deus como, Digo Deus Sabe Como, fêz acordo com a Igreja Católica, que prôpos a retirada das Ovelhas, digo dos antigos donos e moradores, via mutirão ou indenização, para os que não quissessem participar do mutirão!
A probosta era uma Lei de Gerson Portuguesa com certeza!
Nós pagaríamos um carnê de 24 prestações, e com este dinheiro nós iniciaríamos a construção do condomínio em mutirão! Como quase todo o mundo trabalhava, mutirão só aos sábados e domingos! Aí quem era amigo do apontador, assinava o ponto e ia para a praia. Quem faltasse pagava multa, quem tinha um bom emprego preferia a multa, a perder a praia. Atrasou a prestação, juros diários, e o lugar aonde seria as casas, prometia fortes emoções:
O Ninho das Cobras!
Quem não topou o mutirão recebeu uma indenização ridícula,7.000,00, dinheiro da época! Voltando:
Bati na porta, e seu Ubyracy, o amigo do meu pai me recebeu, e pediu que o esperasse na cozinha. Eis que derepente, surge um mordomo daqueles descritos nos romances de Agatha Crysthie, de jaleco e tudo, um espanto. Diz para a cozinheira que tem que fazer a janta do patrão, tira do bolso uma chave, e abre o cadeado da geladeira, tira uma coxa de frango, uma cenoura e uma batata. Simpatizou-se comigo, aproveitou o embalo e me deu uma ameixa sêca, provavelmente sobra do natal um ou dois meses antes. Pois é, Seu Ubyracy era motorista do Presidente da Federação de Comércio do RJ!
Com todo o respeito, Mordomo, já servi coisa melhor as minhas visitas no meu barraco!
Fim? Serafim!
Leiteiro
Para a MINHA VERDADE só existe uma réplica A MENTIRA! (Leiteiro)
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