O Pouco Que Vale Muito
Quando era criança morava num verdadeiro paraíso sem sequer percebê-lo. Era um conjunto de casas erguidas sobre uma praia. Tinha uma ponte comprida com um grande banco onde minha família e eu, sentávamos todos os finais de tarde e enquanto a noite caia, conversávamos, contávamos histórias e estrelas, além de contemplar o céu na sua mais perfeita maestria.
Nossa casa era cercada pela natureza e sua exuberante diversidade. Naquilo que na cidade chamamos de quintal construímos, meus irmãos e eu, um campinho onde costumávamos brincar.
Todos os dias eu caminhava próximo daquele campo em busca de frutas plantadas pela própria natureza. Nessa caminhada chegava até um pequeno igarapé que cortava o terreno, desembocando no rio. Ali costumava pescar e contemplar as maravilhas naturais como um pequeno córrego de águas cristalinas que batizei de “cachoeira de cristal”.
Muitas vezes quando estava triste, corria até lá e em voz alta desabafava. Algumas vezes cheguei a desejar viver em outros lugares... Até no Japão quis morar. Estava certa de que tudo aquilo era muito pouco. Queria viver num paraíso de verdade. Desejava muito mais.
Hoje, após ter conhecido inúmeros lugares, de terem passado os anos e de ter mudado com eles. Percebo agora que o único lugar onde eu realmente gostaria de estar, é exatamente aquele pequeno sítio onde a natureza estava presente, onde havia minha cachoeira... Eu trocaria este “paraíso” onde vivo para viver num paraíso de verdade.
Aquilo que um dia fora muito pouco para mim, hoje vale muito.
Belém/Pa,(26/082007 às 09h28min)