O sorriso de Valentina

Dia de sol, mar de água clara;

Barcos de pesca descansando;

Gente deslizando em suas pranchas de Stand-up, pedalinhos, botes infláveis, caiaques;

Areia úmida do mar, sombra de árvore frondosa;

Mesa de bar, cerveja que só viria quando o garçom chegasse. Quando chegou nos confessou que passou a noite na balada e se atrasou, mas estava ali cheio de sorrisos e muito prestativo;

Duas crianças com o avô. Valentina, de mais ou menos dois anos vem nos recepcionar, linda!

Mais pessoas vão chegando, várias línguas, vários tipos: altos, baixos; peles brancas, muito brancas, amorenados, negros; gordinhos, muito gordos, magros, muito magros; jovens, não tão jovens, avós dos jovens; vestimentas variadas, biquínis comportados, ousados...

Carregam cadeiras, guarda-sóis, sacolas térmicas, chinelos... Escolhem seus lugares e ali formam suas comunidades. Saem a explorar o local com suas máquinas fotográficas, poses de todas as formas, algumas até com certo risco devido às pedras, mas tudo é válido para registrar o momento. Tantas diferenças, mas os mesmos objetivos – aproveitar a natureza, sair da rotina e ser feliz.

Chega uma excursão de pessoas “maduras”. A maioria atende o guia e sobem a escada para a pousada, mas umas seis mais ousadas não querem perder tempo e vão conhecer as piscinas naturais, onde cardumes de peixes alegram os olhos dos humanos, fazendo desenhos na água transparente.

Valentina busca fazer amizades: encanta duas jovens argentinas e ganha beijos; vai buscar beijos na nossa mesa, mas agora sua avó cuidadosa ao extremo vai busca-la onde quer que esteja e a leva de volta chamando-lhe a atenção. De repente a avó só a chama pelo nome e lhe aponta uma varinha ameaçadora... Valentina chora, se acalma e acha que esta tudo bem para buscar novas amizades. A avó se irrita e sai carregando seus netos. Acabou o sorriso de Valentina!

Os vários olhares nos levam a algumas reflexões, sendo que o caso da Valentina é o mais instigador: terá sua avó razão para tanto controle? Será que a menina irá aprender que não deve se aproximar de estranhos nunca, em hipótese alguma, ou somente daqueles que seus pais e avós acharem merecedores de seu sorriso?! São tantos os riscos neste mundo que...

Assim passamos nossa manhã contemplando o mundo a nossa volta, apreciando o doce sorriso de Valentina e tirando algumas lições de vida!

Tânia França
Enviado por Tânia França em 25/03/2019
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