Uma Favela Chamada Brasil (Parte II)

428 - Uma favela chamada Brasil (parte II)

Eles levaram embora as riquezas e tudo o mais que podia ser carregado. Os barcos saiam carregados de muito ouro, pedras preciosas e até madeira-de-lei. O que não dava para ser carregado -as terras- era devidamente marcado como sua posse. E como se isso não bastasse, ainda trouxeram como se fossem animais, povos livres de terras longínquas, para serem seus escravos. E não satisfeitos ainda tentavam a todo custo escravizar também aqueles que já aqui viviam totalmente livres, muito antes da sua chegada. É bem verdade que naquela época não foi fácil para eles escravizarem os nativos, mas eles jamais desistiram, e continuaram tentando por cerca de mais de trezentos anos... Até que armaram uma bela jogada que deu certo: "Libertaram os escravos!". E foi assim, que com aquela bela tacada -de uma frágil mulher-, no momento certo; eles acertaram na mosca. E desde então, graças àquele 13 de maio, todos nós ficamos livres para ainda hoje, em pleno século XXI, termos o 'direito' de continuar sendo extorquidos pelos seus sucessores. E eles criaram um nome para esta extorsão: imposto. Este foi o maior 'legado' que nos deixaram...

E foi assim que depois de tanta extorsão, vimos aquela que outrora fora uma 'ilha paradisíaca', se transformar em uma favela descomunal, de proporções continentais: Uma Favela chamada Brasil.

E assim, tal como acontece nas favelas, não importa quem esteja no poder, não importa quem é que esteja no comando; seja ele do partido 'A', 'B' ou 'C' -na favela chamam de facção- o morador é sempre a presa fácil a ser explorada. Interessante que todos eles procuram se identificar como defensores dos interesses daqueles a quem governam -os favelados- mas na verdade, o que querem mesmo é oprimir e explorar, defendendo os seus próprios interesses, assim como os interesses daqueles que estão à sua volta e que lhe dão apoio e segurança.

Mas para que os habitantes desta gigantesca 'favela' se sintam mais conformados com a sua sorte, os detentores do poder inventaram o seguinte plano: de quatro em quatro anos dão aos favelados a 'oportunidade compulsória' de escolher o seu novo chefe. E os favelados ficam felizes com isso, porque tem a visão utópica de que podem, de fato, mudar o rumo do destino que lhes parece ser desfavorável. E eles vão às urnas e 'votam'... E sonham com dias melhores... Mas como para sonhar é preciso estar dormindo, eles parecem realmente que ainda dormem, afinal de contas aprenderam desde criança que lhes é é reservado o sublime direito de viverem 'deitados eternamente em berço esplêndido'...

O mais incrível é que parecem gostar muito disso, porque embora já tenham eles há muito tempo ultrapassado aquela doce fase da inocência infantil, continuam, como ovelhas obedientes, repetindo alegremente em prosa e verso, em alto e bom tom, quando cantam nos estádios de futebol, até mesmo 'em capela', aquele belo hino que aprenderam desde criança. Provavelmente desejando, com tal atitude, demonstrar públicamente todo o seu agradecimento pela benevolência de poderem permanecer deitados eternamente em berço esplendido e ainda por cima, como brinde; poderem desfrutar daquele "Circenses" que lhes é permitido assistir. Sim, porque lá no fundo, eles sabem que o "Panem"; este é reservado apenas aos poucos privilegiados que circundam aqueles que detem o poder, e que a cada quatro anos se digladiam no intuito de ali se perpetuarem e, pasmem! Guerreiam entre si, buscando justamente o apoio -em forma de voto- justamente daqueles a quem irão explorar, pelo menos nos próximos quatro anos...

Este é o Raio-X desta grande Favela Chamada Brasil.

ERCalabar
Enviado por ERCalabar em 19/03/2019
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