Reflexões de um envelhecente de 61 anos
A gente vai envelhecendo e num belo dia, batemos as botas.
Sei que vou ser esquecido com o passar do tempo, mas enquanto ainda proporcionar lembranças, em familiares, amigos, clientes, em quem for, penso no que gostaria de ser revivido, pelo menos nos pensamentos.
Não fiz nada estratosférico nessa vida que mereça constar da lista dos memoráveis.
Minhas relações dentro e fora da família tiveram seus altos e baixos, alegrias, derrapadas, fagulhas, rebarbas, orgulhos, lamentos, méritos, vergonhas como todas. Sem tirar nem por.
Sempre fiz o que pude pra não deixar meus sonhos escaparem pelos vãos da preguiça e muitos deles acabaram saindo do papel, o que me dá orgulho danado.
Tentei ser sincero até onde pude com aqueles que cruzaram meus caminhos, machuquei alguns com certeza, mas acho que as feridas cicatrizaram e não ficaram grandes sequelas.
Minha produção de textos, em diversos estilos e para inúmeros fins, dizem o que sou, no que penso e acredito, como um papel carbono fiel (que a moçada que está vindo aí nem desconfia o que seja).
Imagino que minha passagem por essas bandas têm seus encantos, espero não ser mais um cara que nasceu, viveu, morreu e ficou só nisso.
Do alto dos meus 61 anos tenho claro que ainda há muita lenha a queimar, sinto um vigor mental parecido com aquele que tinha aos 15, apesar do corpo sempre dar sinais de que alguns cansaços e limites deverão ser respeitados.
Dando uma geral na minha história e se fosse buscar uma palavra que essenciasse (acabei de inventar essa palavra) quem sou, sugeriria essa: persistência.
Algo que foi ficando mais denso, mais ancorado, mais requisitado a cada dia e esse talvez seja o que melhor traduz quem é esse cara que você está lendo agora.
E que, se quiser também o dono do show, vai brincar com as palavras por muito tempo ainda.