Caminhos, corações e flores...
Minha avó era uma sábia mulher, costumávamos sentar a tardezinha no pátio de nossa casa, à frente o imenso rio amazonas, que nessa época começa bem defronte do nosso domicílio, antiga Macapá! Justamente na hora em que os pássaros começavam a volta para os seus ninhos, fazendo acrobacia no ar, era uma beleza indecifrável o céu ficava colorido, lembro-me bem que nessa época o cair da tarde não me deixava deprimida, era inocente a ponto de admirar o descair do sol. Nesses momentos de pura magia minha avó sempre falava algo profundo. Eram ensinamentos sutis, e eu a única a ouvia-la.
Numas dessas tardes, minha avó estava triste, alguém havia magoado o seu imenso coração, ingratidão era algo que a deixava muito triste. E ela com lagrimas nos olhos falava. – “Minha filha, o coração humano é como um longo caminho, e em caminhos que ninguém caminha, cria mato”.
Eu tentava entrar na sua mente e imaginar esses caminhos. Uma longa estrada tortuosa, mas com muitas flores. E completava. _ “ Vovó prefiro que ninguém caminho no meu coração pois assim não pisariam nas minhas flores.
Ela afagava minha cabeça e sorria, e por hora esquecia a tristeza.
Hoje passados tantos anos, acordei lembrando da minha avó, talvez por ser o primeiro rosto que vejo todas as manhas, a foto dela fica ao lado da minha cabeceira, e bem juntinho um vaso com flores brancas, lembrei do nosso dialogo sobre os caminhos, corações e flores, minhas palavras voltaram à memória. – “Prefiro que ninguém caminhe no meu coração, pois assim não pisariam nas minhas flores”. E seu grande ensinamento veio nítido na minha memória, só agora entendi o que minha avó queria me ensinar. E posso afirmar – “O coração humano é como um longo caminho, e em caminhos que ninguém caminha, cria mato”.