Sabe aquele dia que você desmaia... e de repente quando acorda e volta a realidade, está numa sala branca, insípida, rodeada de gente vestindo branco e aquele cheirinho de hospital que é de lisoform... E, aí, você se assusta... porque o desmaio parecia uma piscadela. E não horas...
Tive o que chamam de pico de pressão... poderia ser o Dedo de Deus, ou quem sabe o das Agulhas Negras... mas não o relevo é outro, cujo tombo é bem mais ameaçador.
As pessoas assustadas, com as órbitas oculares saltitantes e, eu ali, recobrando os sentidos querendo levantar-me daquele leito hospitalar que mais parece ser um estágio pré- tumba... A enfermeira tenta em vão, pedir que eu me acalme e que o médico virá falar comigo, e, etc...
Eu já com a tese pronta, discursava que era absurdo ocupar um leito no momento em que já me sentia bem. Afinal, era só o calor excessivo, cruel
com sensação de clima desértico. porém. numa selva de concreto armado e piche... quando chegou a primeira pessoa conhecida. Tudo o que queria era um abraço.
Como ele fosse uma âncora a me fixar na vida, naquele momento ou em algum afeto. Ofegante e vermelha, percebi que a estética do excessivo calor é estranha e desagradável. No momento táctil do abraço, o corpo do outro é um referencial concreto, repleto de informações e curvas.
São nossos limites mortais que tanto nos aproxima das divindades... é a nossa falhabilidade que nos estreita com a perfeição... são nossas carências que tanto nos aproxima da abundância e do infinito da busca do aperfeiçoamento espiritual.
Num simples gesto de abraçar, somos capazes de entender o que é diferente... o que seja diverso, mas sobretudo demasiadamente humano. E, de tão humano seguimos o ritual na catedral da consciência.
Onde temos que ler valores, ler avisos, placas, signos e deduzir a semântica indispensável para a sobrevivência. Foi só um desmaio... Um corpo ao chão. Um apagão sutil e rápido... para acenar o alerta de cuidado... Odeio sirenes, mas estas, são necessárias...
Odeio os vilões mas,também estes, são necessários... A vida em seu mosaico intrigante possui uma justificativa para cada ser vivo que está em nosso caminho... ou simplesmente ali, com reles vontade de abraçar.