Nova versão de um velho robótico

No princípio era amado, só por existir já fazia apologia do que é ser mãe, era cercado de carinhos, e cercado por cercados... para não cair.

De amado passou a amar, amava a todas, e para se preservar de tanto amar... a prudência lhe pedia preservativos.

A meia idade é cruel: reconhecidamente como um ridículo garanháo, quando tenta se aproximar de menininhas, mas hipocritamente chamado de NOVO, em enganosos elogios.

A velhice é a torre de Babel da vida, híbrida miscigenação do literal com o figurativo, paradoxo de velhas máximas, soma final de experiências, o articulador já não tem articulações, literal e figurativamente, para novas realizações.

Com tanto carinho acumulado, durante toda a v ida, o velho tem que entregar seu coração, literal e figurativamente, à cardiologista; felizmente a minha é bela, e trata com carinho o meu coração.

As drogas, tão combatidas na juventude, fazem do armarinho do velho... uma biblioteca farmacológica...literal e figurativamente, e as dores se viciam nas drágeas.

Literal, e figurativamente, tudo que nos resta de doce, nos é tomado, como a diabetes é doce, e como os adoçantes são amargos.

O homem arrojado, o homem que ia, de sol a sol, agora é levado, lá fora, para tomar um pouco de sol.

E as velhas máquinas, que exigem grandes quantidades de graxa, para se manterem funcionando; literal, e figurativamente, o coração do velho o obriga a cortar as graxas... como a velhice é sem “graxa”.

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 10/01/2019
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