Duas Missões

Sou, repito, um dinosssauro. Vivo com hábitos, usos e costumes do passado. Não, não aderi de mala e cuia aos novos tempos. Sou, sou um reacionário, conservador, decadente, um caso perdido. Dias desses passei dias brigado com uma filha porque ela botou no lixo um penico velho que ficava debaixo da minha cama em Pesqueira. Era de estimação. Quando ia a Pesqueira, não raro, de madrugada mijava no penico o quarto não tem sanitário. É casa de pobre.

Não, não descarto parte dos benefícios da tecnologia, sou conservador mas ainda não endoidei de vez, posso estar apenas caducando. Como se pode viver, hoje, sem a tecnolgia? Mas podendooptar por um hábito antigo, fico com a mania do tempo do ronca. Caso do cheque. Só movimento dinheiro por meio de cheque, quando acabarem o cheque - e vão acabar - eu adiro à tecnologia.

Vejam bem, acho que sou uma das raras pessoas que ainda usam a máquina de escrever. A minha é tão antiga que nem tem maissinais e a fita só gir para um lado, eu sempre tenho que rebobinar. Mais: começa a faltar no comércio fita para máquina de escrever. Mas para os jornais (de Pesqueira e Aecoverde) sé escrevo à máquina, o pessoal digita os textos. Detalhe: sou dedografo (trabahei 30 anos no banco usando na máquina dois dedos), só uso os dois fura-bolos. E só datilografo com bastante força porque minhas mãos são trêmulas devido aos remédios para asma. Como poderia digitar num teclado. Quebraria.

Estou escrevendo esta maltraçada só para contar um fato hilário: im amigo meu veio aqui em casa conferir se era meso verdade que eu ainda usava a danada da máquina de escrever. Confirmou, mas me chamou de atrasado, ignorante e reaionário. Dos amigos a gente aguenta tudo, até a verdade.

Com relação a escrever à mãoe máquina esclareço que não há diferenaça, tanto faz. Escrevo direto que nem cantiga de grilo. Não refaço o texto. Quando escrevo à amão é definitivo;quando escrevo à máquina tamabém é definitivo. Escrevo e priu.Quando reclamam dos erros, esposa, filhas, netos, irmãos, irmãs, sobrinhos, amigos, leitores, dou uma justifivcativa mixuruca: "errare humanum est".

No mais, sobre escrever à máquina - e amar, outra mania minha mesmo sabendo que está em baixa - sempre lembro o que disse o saudoso cronista pernambucano Antonio Maria:

"... No mais tudo é menor, o socialismo, a astrofísica, a especulação imobiliária, a ioga... tudo é menor. O homem só tem duas missões importantes: amar e escrever à máquina. Escrever com dois dedos e amar com a vida inteira".

Segui o conselho, escrvo à máquina com dois dedos e amo com e a vida inteira. Inté.

P.S. Acho que só quem é muito ingênuo acreditou que Fabrício iria depor hoje. Foi não. Apareceu agora uma anestesia invasiva. Ele só vai aparecer depois da posse de Bolsonaro. Com segurança total. Sem perigo de uma coercitiva, afinal não sendo do PT não vem ao caso. Ah, Brasil.