"Era no Tempo do Rei".

Na reta final do ano os assuntos são recorrentes, a expectativa das festas, o Natal e o Ano Novo se tornaram um produto de mercado, noves-fora ainda haver um certo sentimento de respeito às tradições. O final da transição, os crimes de João de Deus, o desaparecimento de Batisti e do assessor do filho de Bolsonaro e o febeapá dos políticos. E, pessoalmente, o aumento das minhas crises de asma devido às mudnças do clima, está ficando muito quente, quente demais. às vezes penso em pedir ajuda para subir num pé de goiaba, quem sabe lá a asma desapareça. Mas vamos à maltraçada desta manhã que não tem nada co a política, apenas besteiras de um véio caduco.

Confesso que, quase sempre, decido comprar um livro quando dou uma folheada e leio o início. às vezes erro erro paca. O inicio era arretado, mas o livro era ruim. Mas a verdade é que sou amarrado no início dos livros, principalmente romances. Não esqueço o início de alguns (decorei mais ou menos), caso de "Um Conto e duas Cidades", de Dickens: "Aquele foi o melhor dos tempos, aquela foi a idade da sabedoria, foi a idade da insensatez....". Anna Karenina, de Tolstoi: "Todas as famílias felizes são parecidas entre si. As infelizes são infelizes cada auma a sua maneira". Metamorfose, Kafka: "Ao despertar de um sonho esquisito Gregor descobriu que havia se ransformado num gigantesco inseto". Cem Anos de Solidão, Garcia Márquez: "Muitos anos depois frente ao pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendia recordaria aquela tarde em que o pai o levara para conhecer o gelo". Há outras aberturas porretas, talvez eu tenha farrapado em alguma das citadas, a minha memória está rateando.

Mas o que eu queria mesmo dizer é que a frase inicial de um romance que achei mais arretada foi a de "Memóris de um Sargento de Milícias", de Manuel Antonio de Almeida. Ei-la: "ERA NO TEMPO DO REI". Simples assim. Achei um arraso, definiu a época, pintou dissecou numa única frase. Qualquer leitor tendo estudado um minimo de História do Brasil, apenas rudimentos, logo visualiza a época, inclusive imagina, vê, assiste como se estivesse no cinema, é o Ro do tempo de Dom João VI, de 1808 a 1821. O autor não precisou fazer saracoteios, descrição extensa, enfeitar o maracá da época. Bastou dizer que a história de Leonardo ia se passar no tempo do rei. Bingo.

Tem mais, acho que é um clássico da nossa literatura, um romance extraordinário de costumes que deveria ser mais divulgado. Estranho este nosso país, um livro tão arretado é pouco mencionado, talvez porque seja magrinho. Mas é um baita de um romance. Lembro que ainda moço quando li a frase inicial fiquei fascinado, eu era bom aluno de História, visualizei na hora o tempo de Dom João VI e li o roamance. Foi ele o meu primeiro alumbramento na área da literatura. Inté.

P.S. Acho que o presidente eleito e seu time tem todo o direito de escolher quem quer convidar e quem nçao quer convidar para a posse. Agora, o Itamaraty convidar os presidentes de Cuba e da Venezuela e depois desconvidar, tudo por escrito, é algo não só ridículo, mas um vexame que desonra a instituição. Ah, Brasil.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 17/12/2018
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